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A guerra da independência da Argélia contra a colonização francesa

Ao menos 1.5 milhão de pessoas morreram nos sete anos e meio de guerra da independência da Argélia, que se deflagrou em 1954

O quê: Guerra da independência da Argélia contra a colonização francesa

Quando: 1º de novembro de 1954 a 5 de julho de 1962

Onde: Argélia

 O que aconteceu?

Em 1º de novembro de 1954, a Frente de Libertação Nacional (FLN) começou a realizar ataques armados contra o governo francês e suas bases militares na Argélia, ao conclamar aos argelinos a demonstrarem apoio à luta por independência. A FLN surgiu com apenas cinco membros, mas propagou-se a um movimento nacional de larga escala.

A FLN queria angariar apoio da população local ao aventar as ambições nacionais para dissociar a Argélia do governo da França. A resistência argelina buscava constituir um sistema alternativo de governança capaz de administrar o país uma vez derrubada a metrópole.

A França respondeu com força total, com intuito de esmagar a insurgência antes que adquirisse qualquer influência. No entanto, jamais levou a sério os avanços da FLN, fato que o movimento nacional aproveitou habilmente em sua vantagem.

 Os fundadores da FLN

Mostefa Ben Boulaïd

Larbi Ben M’hidi

Rabah Bitat

Mohamed Boudiaf

Mourad Didouche

O grau de violência adotado por Paris contra os insurgentes argelinos, incluindo atos de tortura e execução sumária, não apenas alienou argelinos colaboracionistas, como também o eventual apoio internacional às reivindicações coloniais francesas.

Em 1958, a presença da França na Argélia estava com seus dias contados; a metrópole começou a debater sua retirada. Um novo referendo para autodeterminação argelina foi convocado; seis milhões de pessoas votaram pela independência.

Em Paris, em 1959, o general Charles De Gaulle ascendeu à Presidência da República e passou a negociar o fim do conflito, desde que seu país mantivesse controle sobre a Argélia em troca de alguma autonomia. A Frente de Libertação Nacional naturalmente recusou os termos.

Em 1962, os Acordos de Évian encerraram a guerra. A violência, contudo, não tem precedentes: cerca de 1.5 milhões de argelinos e 25 mil franceses morreram nos sete anos e meio de conflito.

 O que aconteceu a seguir?

A Frente de Libertação Nacional se tornou o único partido político do estado argelino, até 1988, quando os levantes do Outubro Negro culminaram em reformas constitucionais para introduzir um sistema pluripartidário. A violência, todavia, escalou ainda mais quando a Frente Islâmica de Salvação (FIS) venceu o primeiro turno das eleições em 1992. As Forças Armadas intervieram e cancelaram o pleito.

Foram então dez anos de guerra civil entre grupos islamitas e o exército argelino. Cerca de 200 mil pessoas morreram no período.

A FLN continua a ser o maior partido da Argélia; muitos de seus líderes revolucionários mantêm posições de poder. O atual presidente – Abdelaziz Bouteflika, de 79 anos – emergiu do grupo e conquistou quatro mandatos desde 1999. Bouteflika é o presidente argelino há mais tempo no cargo desde Houari Boumediene.

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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