Líbano e Israel chegaram a um acordo histórico para demarcação de fronteiras marítimas entre as partes, após anos de negociações mediadas pelos Estados Unidos, declarou nesta terça-feira (11) o premiê israelense Yair Lapid, segundo informações da agência de notícias Reuters.
Embora mantenha um escopo limitado, o acordo representa uma concessão substancial dentre ambos os estados – ainda tecnicamente em guerra –, ao abrir caminho para exploração de gás natural e petróleo na bacia do Mediterrâneo e desescalada de tensões.
“Trata-se de uma conquista histórica que fortalecerá a segurança israelense, injetará bilhões em nossa economia e garantirá a estabilidade de nossa fronteira ao norte”, reiterou Lapid em nota.
O presidente libanês Michel Aoun insistiu que os termos da proposta final, submetida pela Casa Branca, foram satisfatórios e manifestou esperanças de que o pacto seja anunciado em âmbito formal assim que possível.
O tratado tem como objetivo solucionar uma disputa territorial Mediterrâneo Oriental, em uma área reivindicada por Beirute para exploração de insumos energéticos. Israel já retira recursos de campos nos arredores.O acordo estabelece uma fronteira marítima entre os países pela primeira vez, assim como um mecanismo para que ambos obtenham royalties dos campos em alto-mar. Contudo, os termos do pacto não abordam a fronteira por terra entre as partes.
O negociador libanês Elias Bou Saab afirmou à agência Reuters que o esboço mais recente “leva em consideração todas as reivindicações de Beirute”. “Penso que o outro lado sente o mesmo”, enfatizou Bou Saab.
Após uma série de tensões e troca de ameaças, o acordo recebeu apoio do movimento libanês Hezbollah – cujo braço armado tem forte ligação com Irã. Uma fonte do governo libanês e outra próxima ao Hezbollah corroboraram a anuência do grupo.
O Hezbollah, no entanto, não comentou formalmente sobre os avanços.
Israel investe na produção e exportação de gás natural na região disputada. O Líbano, contudo, tem seus esforços frustrados e protelados pela instabilidade política.
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Beirute guarda esperanças de que as reservas possam lhe dar novo impulso para superar a crise financeira que assola o país desde 2019, além de reabastecer a população com energia elétrica, após três anos de blecautes quase cotidianos.
Lapid, por sua vez, enfrenta uma nova rodada de eleições nacionais em 1º de novembro e busca garantir que o pacto seja ratificado por seu gabinete de segurança e pelo parlamento (Knesset), para recorrer à vitória em sua campanha eleitoral. A aprovação, no entanto, pode demorar três semanas.
O Instituto para Estudos de Segurança Nacional – think tank filiado à Universidade de Tel Aviv – descreveu o tratado como “situação vantajosa a ambas as partes”.
“Um acordo entre Israel e Líbano marca uma mudança positiva fundamental nas relações entre as partes … e pode abrir caminho para mais mudanças em seu relacionamento futuro”, afirmou o grupo em comunicado.









