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Israel desafia resoluções ao expandir assentamentos, alerta emissário da ONU

Placas de identificação nos assentos da então chanceler israelense Tzipi Livni e do emissário palestino Saeb Erekat para reunião do Quarteto do Oriente Médio, durante a 68ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, 27 de setembro de 2013 [Stan Honda/AFP via Getty Images]

Tor Wennesland – coordenador especial das Nações Unidas para o processo de paz no Oriente Médio – reconheceu nesta quinta-feira (29) que o governo israelense continua a desafiar uma resolução do Conselho de Segurança que prevê a suspensão imediata de toda as obras para os assentamentos ilegais nos territórios palestinos, após a ocupação deferir planos para construir quase duas mil unidades residenciais destinadas a colonos, nos últimos três meses.

Durante sessão do Conselho de Segurança, Wennesland admitiu haver “pouco progresso” ao implementar a resolução datada de 2016.

“A falta de um processo significativo para rematar a ocupação e resolver o conflito alimenta uma perigosa escalada”, advertiu Wennesland, ao destacar a situação na Cisjordânia ocupada – onde, segundo o diplomata, há uma noção gradativa de que o conflito se tornou “insolúvel”.

“Israelenses e palestinos devem decidir como enxergam o futuro”, acrescentou. “Negociações não podem mais ser prorrogadas indefinidamente … o atual estado das coisas nos leva a um estado perpétuo de violência e confrontos”.

O Conselho de Segurança aprovou a resolução em questão em 2016, para contrapor a expansão dos assentamentos exclusivamente judaicos na Cisjordânia e Jerusalém Oriental – todos ilegais sob a lei internacional e impasse majoritário à “solução de dois estados”.

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O Presidente dos Estados Unidos Barack Obama decidiu não vetar a resolução. Contudo, seu sucessor Donald Trump – mais íntimo dos interesses de Israel – opôs-se abertamente à medida. O incumbente Joe Biden e sua embaixadora na ONU – Linda Thomas-Greenfield – reafirmaram ontem o apoio de Washington ao consenso de dois estados.

Thomas-Greenfield enalteceu, não obstante, o premiê israelense Yair Lapid por seu “discurso corajoso e apaixonado que articulou uma visão de dois estados para dois povos”, durante sua participação na Assembleia Geral das Nações Unidas.

A emissária da Casa Branca insistiu que a “importância deste apelo por paz entre israelenses e palestinos não deve ser subestimada”. “É hora de transformar palavras em ações”, prosseguiu a diplomata. “Não há atalhos para a soberania”.

Wennesland, de sua parte, alegou que nem Israel nem os palestinos promoveram medidas para avançar na matéria, dentre as quais: prevenir a violência contra civis; evitar atos de provocação, incitação e retórica agressiva; distinguir o território israelense – isto é, capturado em 1948, via limpeza étnica – das terras palestinas de 1967; e implementar “esforços coletivos para lançar negociações críveis”.

Wennesland, entretanto, celebrou dois incidentes de contato entre o Presidente da Autoridade Palestina (AP) Mahmoud Abbas e oficiais israelenses de alto escalão, nos últimos três meses – em contraste com a falta de comunicação dos primeiros dois trimestres de 2022.

O emissário reportou ainda que Tel Aviv emitiu cerca de 16 mil alvarás para trabalhadores e negócios palestinos na Faixa de Gaza sitiada – segundo seu relato, avanço considerável. Houve também aumento de 1.5% nas importações e 54% nas exportações entre Gaza a Israel.

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