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Catar deporta operários que exigem pagamento por obras da Copa

Relógio marca contagem regressive para a Copa do Mundo FIFA de 2022, em Doha, capital do Catar, 12 de agosto de 2022 [Mustafa Abumunes/AFP/Getty Images]

O Catar deportou operários estrangeiros que demandam o pagamento de honorários atrasados após anos de trabalho nos estádios e instalações da Copa do Mundo de Futebol FIFA de 2022, a ser realizada entre 20 de novembro e 18 de dezembro deste ano.

Em 14 de agosto, em torno de 60 profissionais se reuniram em frente aos escritórios do Grupo Internacional Al Bandary, em Doha. Os operários então obstruíram o Rodoanel C – ao redor da capital catariana.

Dentre os trabalhadores, estão imigrantes de Bangladesh, Índia, Nepal, Egito e Filipinas – alguns dos quais não são pagos há sete meses. 

O governo catariano confirmou sua detenção e deportação por “violação da ordem pública”. Os manifestantes foram levados a um centro de detenção, de onde um dos profissionais contactou o centro de pesquisa Equidem, especializado em direitos humanos e trabalhistas.

 Segundo a denúncia, os operários tiveram de dormir sem circulação de ar adequada sob o calor catariano. Alguns trabalhadores receberam seus honorários atrasados após os protestos e uma série de denúncias internacionais – outros, ainda não.

ASSISTA: Trabalhadores da Copa do Mundo do Qatar têm ‘mortes invisíveis’

Em maio, a organização Human Rights Watch lançou a campanha Pay Up FIFA (Pague FIFA) para estabelecer um fundo indenizatório de US$440 milhões – equivalente à premiação em dinheiro do campeonato de futebol.

Os recursos são destinados a trabalhadores imigrantes que sofreram abusos dentre as obras e os preparativos para a realização do torneio.

Em agosto, a Adidas se tornou a primeira empresa patrocinadora da FIFA a apoiar o chamado.

Segundo o Human Rights Watch, desde 2010, quando o Catar foi escolhido como sede da Copa do Mundo FIFA, milhares de trabalhadores morreram em serviço ou tiveram salários roubados por seus empregadores, forçados a trabalhar sob condição análoga à escravidão.

“A FIFA falhou em cumprir suas responsabilidades sobre os direitos humanos; o Catar, suas obrigações, tanto para impedir violações quanto para conceder compensação adequada às vítimas e suas famílias”, reiterou o órgão humanitário internacional.

Trabalhadores imigrantes construíram cerca de US$220 bilhões em infraestrutura para o campeonato de futebol, incluindo oito estádios, novos hotéis e estradas para conectar as instalações.

Ao nomear o Catar como sede da Copa do Mundo, a FIFA não impôs quaisquer medidas ou condições para proteger operários imigrantes. Dentre as causas de óbito, estão excesso de calor e péssimas condições de trabalho.

LEIA: Copa do Catar já tem 2,45 milhões de ingressos vendidos

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