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Juiz dos EUA descarta alegação de antissemitismo contra professor universitário

Protesto contra esforços do governo alemão para designar o movimento de Boicote, Desinvestimento e Sanções como ‘antissemita’, em frente à missão diplomática do estado europeu na Cisjordânia ocupada, em 22 de maio de 2019 [AFP/Getty Images]

Em uma vitória da campanha de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS) contra o apartheid israelense, um juiz americano descartou uma alegação de antissemitismo contra um professor da Universidade de Pittsburgh, sob processo embasado na controversa definição adotada pela Aliança Internacional de Memória do Holocausto (IHRA), que vincula averiguações políticas ao racismo antijudaico.

Associações sionistas pressionam pela adoção vinculativa da terminologia da IHRA há anos, a despeito de alertas sobre restrições à liberdade de expressão. Além disso, críticos constatam que a definição vigente é usada como arma por grupos extremistas para silenciar oponentes políticos por meio de procedimentos legais.

Robert Ross, que leciona literatura e ciências sociais na Universidade de Point Park, foi vítima de alegações espúrias levadas ao judiciário, cujo intuito é intimidar críticos e instilar medo de perseguição a todo e qualquer ativista solidário à causa palestina.

O processo contra Ross foi aberto em 2019 por sua colega Channa Newman, que alegou ser vítima de antissemitismo devido a suas concepções sionistas. Segundo informações da rede Electronic Intifada, Newman acusou Ross de apelar a seu cargo para alimentar uma “versão militante” do movimento de BDS, além de “perspectivas odientas contra Israel”.

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Newman ergueu seu caso sobre a acepção de antissemitismo ostentada pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos – bastante similar ao documento da IHRA. Ambos apontam violação em denúncias de que o estado sionista representa um “empreendimento racista” e incriminam críticos por assumir um suposto “padrão duplo” contra Tel Aviv, ao exigir “comportamento não esperado de outras nações democráticas”.

Segundo a professora, as opiniões políticas de Ross e de seus estudantes incitaram um ambiente hostil no local de trabalho.

Em seu veredito, o juiz asseverou que acatar as alegações de Newman seria danoso aos direitos civis e ao debate público, ao conceder à querelante “um poder de veto sobre o engajamento de terceiros neste mesmo debate”. O juiz alertou ainda que Newman tentou “compelir” pontos de vista divergentes a coincidir com os seus.

“Estou contente e aliviado”, declarou Ross à rede Electronic Intifada. “O juiz tomou tempo para articular as razões pelas quais não aceitou acusações referentes ao local de trabalho e por qual motivo não há nada de inerentemente hostil no movimento de BDS. Em momentos como esse, aceitamos a vitória. Penso que é uma vitória”.

Em seguida, acrescentou: “Para mim, o juiz deixou claro que não há nada de legalmente errado em ensinar sobre o BDS ou participar da campanha. Seu veredito nos empodera como ativistas. Penso que é uma luz verde para que outros se engajem neste movimento”.

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