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Turquia planejou operação na Síria após retirada russa, revelam fontes

Soldados do Exército Nacional da Síria (ENS) mantêm operações contra militantes curdos em Tal Abyad, norte da Síria, em 17 de outubro de 2019 [Hüseyin Nasir/Agência Anadolu]
Soldados do Exército Nacional da Síria (ENS) mantêm operações contra militantes curdos em Tal Abyad, norte da Síria, em 17 de outubro de 2019 [Hüseyin Nasir/Agência Anadolu]

A retirada parcial de tropas russas da Síria foi um dos fatores determinantes para que a Turquia planejasse uma nova operação militar no país levantino, relataram fontes anônimas do exército turco à rede de notícias Middle East Eye, radicada em Londres.

As fontes reconheceram que o momento escolhido para a nova ofensiva no nordeste da Síria decorre parcialmente da remoção russa de soldados e mercenários de algumas bases no país, para realocá-los à invasão armada contra a Ucrânia.

“Não se trata apenas de que Rússia está atolada na Ucrânia”, reiterou uma das fontes. “Há preocupações de segurança e inteligência em Ancara sobre atividades do PKK [Partido dos Trabalhadores do Curdistão] na Síria [incluindo] recentes atividades do PKK para transferir novas tropas e munição do Iraque à Síria”.

O PKK é um grupo separatista curdo designado “terrorista” pela Turquia e por algumas nações ocidentais e, segundo relatos, combate ao lado de organizações da oposição síria, incluindo as Unidades de Proteção Popular (YPG) e as Forças Democráticas da Síria (FDS).

Outra razão primária para a incursão militar da Turquia, conforme as fontes, é a “necessidade” de evacuar uma área de 30 km de extensão no norte da Síria, com intuito de estabelecer uma “zona neutra” e reassentar ao menos um milhão de refugiados.

“As duas operações devem prosseguir simultaneamente”, reafirmou a fonte.

“Limparemos Tal Rifaat e Manbji”, prometeu o Presidente da Turquia Recep Tayyip Erdogan, ao anunciar sua operação em maio; ambas as cidades têm caráter estratégico, sob controle militar e administrativo das Forças Democráticas da Síria.

Segundo uma das fontes, Tal Rifaat representa um objetivo majoritário a Ancara, pois abarca 60% da água potável da região. “A gestão dos recursos hídricos e o regresso dos refugiados é fundamental para restaurar a agricultura e encorajar maior retorno”, declarou.

A diminuição da presença russa em Tal Rifaat – segundo maior contingente na região – facilita os planos da Turquia, admitiu a fonte. “Moscou está com dificuldades para reabastecer tropas em Tal Rifaat e já deixou algumas de suas bases perto de Aleppo aos iranianos”.

Diante da retirada, todavia, grupos paramilitares ligados a Teerã podem representar a principal ameaça aos planos de Erdogan, dado que buscam expurgar os arredores de Aleppo de rebeldes sírios, por sua vez, com apoio da Turquia.

Quanto a soldados do regime de Assad, a fonte alegou que Ancara não espera que representem uma ameaça substancial ou tentem repelir a operação turca.

Os comentários parecem confirmar o que muitos analistas preveem desde fevereiro, quando foi lançada a invasão na Ucrânia – isto é, a retirada russa da Líbia e da Síria e o decréscimo da influência do Kremlin no estado levantino em favor de Teerã.

LEIA: Regime sírio envia reforços a Aleppo às vésperas de operação militar turca

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