Cofundadora pró-Palestina do Exército Vermelho Japonês é libertada após 20 anos

Fusako Shigenobu, cofundadora do Exército Vermelho Japonês, grupo militante de esquerda que manteve atividades entre 1971 e 2001, foi libertada da prisão neste domingo (29), após servir 20 anos de sentença, devido ao cerco da embaixada francesa em Amsterdã, em 1974.

Shigenobu, de 76 anos, foi recebida pela imprensa, parentes e apoiadores.

“Finalmente sinto que estou viva”, afirmou Shigenobu. “Machuquei gente inocente que eu não conhecia, mas sempre coloquei nossa causa em primeiro lugar. Embora fossem outros tempos, gostaria de aproveitar esta oportunidade para me desculpar profundamente”.

Shigenobu chegou a ser apelidada de “Imperatriz do Terror”, após ter arquitetado diversos sequestros e ataques entre as décadas de 1970 e 1980, em apoio à libertação da Palestina.

Dentre suas operações, estão o sequestro do consulado dos Estados Unidos em Kuala Lumpur, em 1975, e o atentado a granadas e metralhadoras contra o aeroporto israelense de Lod, que deixou 26 mortos e cerca de 80 feridos.

Sua soltura antecede em dois dias o 50° aniversário do ataque em Lod.

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Shigenobu deixou a prisão com um lenço palestino (keffiyeh) sobre os ombros, na região de Akishima, na cidade de Tóquio.

O Movimento da Juventude Palestina, presente na ocasião de sua saída, descreveu Shigenobu como “camarada de longa data do povo e da luta palestina”.

Shigenobu escapou da captura por décadas, designada “foragida” pela Interpol até sua prisão em 2000, na cidade de Osaka. Um ano depois, de dentro de sua cela, Shigenobu desmantelou formalmente o Exército Vermelho.

Embora não estivesse presente em nenhum dos ataques, o judiciário japonês decidiu julgá-la como responsável ativa pelos atentados, em meados de 2006.

Shigenobu viajou ao Líbano em 1971 e fundou o Exército Vermelho Japonês, organização marxista-leninista cujo objetivo principal era derrubar o governo e a monarquia do Japão.

O movimento aliou-se então com a resistência regional no Oriente Médio, incluindo a Frente Popular para Libertação da Palestina (FPLP).

De acordo com a rede Japan News, diversos membros do grupo permanecem escondidos em todo o mundo, sobretudo no Oriente Médio, procurados pelas autoridades.

Kozo Okamoto, um dos três membros do grupo envolvidos no ataque ao aeroporto de Lod, ferido e preso na ocasião, foi libertado por Israel em 1985, devido a um acordo de troca de prisioneiros. Segundo relatos, Okamoto vive em liberdade no Líbano, onde recebeu asilo e converteu-se ao Islã.

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