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2021 registra 59 milhões de deslocados internos em todo o mundo

Campo de refugiados no distrito de Dharawan, em Sanaa, Iêmen, 25 de março de 2022 [Mohammed Hamoud/Agência Anadolu]
Campo de refugiados no distrito de Dharawan, em Sanaa, Iêmen, 25 de março de 2022 [Mohammed Hamoud/Agência Anadolu]

O ano de 2021 registrou 59.1 milhões de novos deslocados internos, aumento em relação aos 55 milhões do ano anterior, confirmou nesta quinta-feira (19) o Centro de Monitoramento de Deslocamento Interno (CMDI).

“A situação atual é ainda pior do que sequer sugerem nossos índices recordes”, declarou Jan Egeland, secretário-geral do Conselho de Refugiados da Noruega. “Os dados não abarcam as quase oito milhões de pessoas forçadas a fugir da guerra na Ucrânia”.

O número sem precedentes decorre de ondas de violência e conflito que assolam diversos países, desde Etiópia e Afeganistão a Síria e República Democrática do Congo.

Egeland reiterou que os resultados são utilizados pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) e pela Secretaria Geral, representada por António Guterres, ao debater relações internacionais, gestão de conflito e prevenção de desastres.

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“É uma espécie de tomografia da nossa consciência global porque indica como sucedemos ou não em manter as pessoas protegidas em suas casas, para que não precisem se deslocar para sobreviver, em virtude de conflitos ou desastres”, acrescentou Egeland.

A violência incitou 14.4 milhões de deslocamentos, aumento de quase 50% comparado a 2020. A África Subsaariana é a região mais afetada, com mais de cinco milhões de deslocados apenas na Etiópia — maior índice para um único país.

República Democrática do Congo, Afeganistão e Myanmar também registraram recordes.

Não obstante, a região do Oriente Médio e Norte da África computou seu menor índice em dez anos, dado que conflitos na Síria, na Líbia e no Iraque aparentemente se atenuaram. Todavia, o número de refugiados nos países em questão permanece “preocupante”, reafirmou o relatório.

“A tendência ascendente de deslocamentos de longo prazo jamais será revertida, a menos que circunstâncias seguras e sustentáveis sejam instituídas para que os refugiados retornem a seus países, integrem-se em âmbito local ou reassentem-se em outro lugar”, acrescentou Alexandra Bilak, diretora do CMDI. “Iniciativas de paz e desenvolvimento são necessárias para resolver as questões latentes que mantêm no limbo os indivíduos deslocados”.

Desastres continuaram como maior motivação para a fuga de comunidades em escala global: 23.7 milhões de deslocamentos foram registrados em 2021. Incidentes relacionados ao clima equivalem a 94% do total — muitos dos quais, evacuações preventivas perante enchentes ou ciclones que atingem regiões densamente povoadas da Ásia ou do litoral do Oceano Pacífico.

Em diversos países, o conflito coincidiu com desastres, culminando em ondas sucessivas de deslocamento. “Em Moçambique, Myanmar, Somália e Sudão do Sul, crises concomitantes tiveram efeito-cascata na segurança alimentar e na vulnerabilidade de milhões”.

“O covid-19 também agravou as desigualdades e tornou ainda mais precária a vida dos deslocados internos”, observou o relatório.

Cerca de 25.2 milhões dos indivíduos deslocados no último ano têm menos de 18 anos.

Egeland insistiu que sua organização se concentra nos deslocados internos porque “refugiados externos são vistos com maior facilidade, pois atravessam fronteiras”. “Os deslocados internos são maior número que os refugiados externos; pessoas invisíveis presas em seu próprio país”.

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