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Corte israelense analisa extensão do confinamento solitário de Ahmed Manasra

Prisioneiro palestino Ahmed Manasra durante audiência em Be'er Sheva, no território considerado Israel, em 13 de abril de 2022 [Mostafa Alkharouf/Agência Anadolu]

O Serviço Penitenciário de Israel (SPI) registrou um pedido na Corte Distrital de Beersheba para estender o período de confinamento solitário do prisioneiro palestino Ahmed Manasra, relatou a rede de notícias Quds Press nesta terça-feira (17).

Khaled Zabarqa, chefe da equipe de defesa de Manasra, comentou: “O tribunal deve analisar o pedido do SPI nesta quarta-feira (18) às 12 horas locais”. Zabarqa advertiu que a extensão deve agravar a deterioração das condições de saúde de seu cliente.

Manasra foi transferido à solitária diversas vezes desde sua prisão por tropas israelenses, quando tinha somente 13 anos de idade. Sua saúde mental se degradou devido à prática, advertiu seu advogado.

Em dezembro de 2021, um médico independente recebeu permissão para visitar o prisioneiro, pela primeira vez desde sua captura. O psiquiatra da ong Médicos Sem Fronteiras (MSF) então emitiu um laudo anexado ao processo, com o diagnóstico de esquizofrenia.

Ahmad Manasra, jovem palestino preso há sete anos, desde os 13 anos de idade, sob tortura psicológica da ocupação [Sabaaneh/Monitor do Oriente Médio]

“Sua saúde mental está piorando. Ele não para de chorar, imagina coisas e situações que não existem, fala coisas sem sentido”, reafirmou o tio de Manasra. “Eu estive na prisão e vi casos assim. Pensei que era uma fase passageira, mas ele está piorando cada vez mais”.

Em entrevista à Al Jazeera, acrescentou Zabarqa: “Devemos usar todas as ferramentas a nosso dispor em sua defesa … Ahmad deveria ser solto muito tempo atrás”. Contudo, confirmou não ter esperanças de um veredito favorável das cortes israelenses.

Em abril, Manasra perguntou a seu advogado se poderia cometer suicídio, conforme os preceitos do Islã.

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Manasra permanece sob detenção ilegal há sete anos, sob condições hediondas impostas pela ocupação. Quando foi preso — aos 13 anos — sofreu interrogatório sem sequer a presença de seus pais ou de um advogado.

Manasra foi condenado a 12 anos de prisão — então reduzido a nove anos — por suposta tentativa de homicídio contra dois colonos, nos arredores de Jerusalém ocupada. Todavia, evidências demonstram que Manasra não participou do ataque.

Seu primo foi morto a tiros por um soldado israelense em 2015. Manasra foi linchado e atropelado por colonos, resultando em traumatismo craniano. Na ocasião, a legislatura israelense não previa responsabilidade penal a menores de 14 anos.

Apesar dos apelos por sua soltura e da retirada das acusações de terrorismo, Israel o manteve sob custódia. A equipe de defesa registrou um recurso contra a negativa; seu caso deveria ser avaliado por um comitê de indulto em abril.

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