Israel pondera uso rotineiro de força aérea na Cisjordânia ocupada

Israel está ponderando adotar o uso rotineiro de seu poderio aéreo contra os palestinos da Cisjordânia ocupada. Trata-se de uma das possibilidades de uma eventual reformulação na estratégia de controle do território, ao utilizar helicópteros e drones armados.

A proposta foi apresentada pelas Forças de Defesa de Israel (FDI), ao sugerir uma escalada de táticas de batalha no território ocupado, sob sistema flagrante de apartheid.

Segundo o jornal Haaretz, a força aérea pode ser adotada na Cisjordânia para dar cobertura a tropas de infantaria, além de suprimir ativistas e eventuais combatentes da resistência.

A morte do oficial israelense Noam Raz, durante uma invasão ao campo de refugiados de Jenin, na última semana, supostamente motivou a recente reavaliação de metodologia.

Segundo o exército da ocupação, Raz foi ferido durante um impasse com atiradores palestinos em Burqin, perto de Jenin, dois dias após o assassinato de Shireen Abu Akleh na mesma região. A repórter da Al Jazeera foi baleada a serviço por um franco-atirador israelense.

Raz foi transferido às pressas a um hospital; porém, faleceu.

Daoud Zubeidi também sucumbiu de seus ferimentos na mesma ocasião, após ser transportado ao centro de saúde de Rambam, na cidade de Haifa. Israel ainda não devolveu o corpo à família. Zubeidi é um dos 54 palestinos mortos por Israel somente este ano.

LEIA: Dezenas de palestinos são feridos na repressão de Israel às manifestações da Nakba

Zubeidi era parte da liderança regional do Fatah em Jenin e integrava as Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa — braço armado do partido hegemônico na Cisjordânia e uma das principais forças palestinas a combater Israel durante a Segunda Intifada, no início dos anos 2000.

Há semanas, tropas coloniais executam invasões quase diárias na cidade de Jenin e outras áreas da Cisjordânia. As operações armadas sucedem uma suposta onda de ataques árabes dentro do território considerado Israel — isto é, capturado durante a Nakba (ou “catástrofe”), em maio de 1948, mediante limpeza étnica.

O campo de refugiados de Jenin — administrado pela Organização das Nações Unidas — abriga 26 mil pessoas por quilômetro quadrado e sofreu alguns dos mais brutais ataques nas mãos do exército israelense. Em 2002, um massacre resultou em 52 palestinos mortos.

Israel recorre a helicópteros de combate na Cisjordânia ocupada somente em “circunstâncias especiais”. Contudo, caso as mudanças sejam aprovadas, a adoção de poderio aéreo pode se tornar cotidiana, sobretudo na região de Jenin.

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