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Movimento 25 de Julho da Tunísia pede dissolução do Ennahda

Protesto contra o Presidente da Tunísia Kais Saied, no 11° aniversário da revolução, em Túnis, 14 de janeiro de 2022 [Nacer Talel/Agência Anadolu]

O Movimento 25 de Julho da Tunísia — que expressa apoio à tomada de poder pelo presidente Kais Saied — fez um apelo nesta quinta-feira (7) pela “dissolução do partido islâmico Ennahda e remoção do antigo regime”.

O porta-voz Farouk Khalfaoui afirmou a repórteres que seu movimento repudia a “interferência externa nos assuntos domésticos da Tunísia, sobretudo pela Turquia”, ao reivindicar a expulsão do embaixador turco do país norte-africano.

Recentemente, Ancara expressou “decepção” sobre a dissolução do parlamento em Túnis.

“Exigimos que o presidente Kais Saied enfim destitua o antigo regime … que governou em um período no qual prevaleceram a fome, a marginalização e o desemprego”, declarou Khalfaoui.

Em seguida, sugeriu uma “nova constituição” e um “julgamento urgente” contra Rached Ghannouchi, ex-presidente do parlamento e chefe do partido Ennahda.

Saied tomou poder quase absoluto no país em 25 de julho do último ano, quando depôs o premiê, congelou o parlamento e passou a governar por decreto.

Em 29 de setembro, Saied designou Najla Bouden como primeira-ministra, que compôs um governo alinhado com o executivo. Em dezembro, Saied anunciou um referendo para 25 de julho, com intuito de ponderar sobre “reformas constitucionais” e novas eleições.

A maioria das forças políticas na Tunísia condenam os avanços do presidente conservador como “golpe contra constituição” e contra as conquistas da revolução popular de 2011, que derrubou a ditadura de Zine el-Abidine Ben Ali.

Críticos apontam que as medidas de Saied fortaleceram os poderes da presidência às custas do legislativo e do gabinete de governo, com o propósito de transformar o sistema político em um presidencialismo de facto.

Saied tomou posse em 2019, com mandato previsto de cinco anos. Em mais de uma ocasião, o então líder tunisiano negou acusações de golpe, ao insistir na legalidade de suas decisões, sob pretexto de proteger o estado de um “iminente perigo”.

LEIA: Erdogan chama dissolução do parlamento tunisiano de ‘golpe à vontade do povo’

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