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Dezenas de refugiados se afogam no Mar Mediterrâneo

Refugiado resgatado pela Guarda Costeira da Tunísia ao tentar atravessar o Mar Mediterrâneo, no porto de el-Ketef, no sul do país norte-africano, perto da fronteira com a Líbia, em 6 de janeiro de 2022 [Fathi Nasri/AFP via Getty Images]
Refugiado resgatado pela Guarda Costeira da Tunísia ao tentar atravessar o Mar Mediterrâneo, no porto de el-Ketef, no sul do país norte-africano, perto da fronteira com a Líbia, em 6 de janeiro de 2022 [Fathi Nasri/AFP via Getty Images]

Quase cem pessoas faleceram em águas internacionais após partirem da Líbia em um barco superlotado, afirmou a rede internacional Médicos Sem Fronteira (MSF), cujas informações foram corroboradas pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Segundo o relato, um navio de passagem, identificado como Alegria 1, resgatou quatro pessoas em um bote salva-vidas no Mar Mediterrâneo, na manhã de sábado (2).

“Sabemos de nosso contato inicial que os sobreviventes confirmaram estar em alto-mar por ao menos quatro dias, em um barco com quase cem pessoas a bordo”, informou o MSF no Twitter.

Conforme uma transcrição das conversas com o petroleiro que resgatou os sobreviventes, compartilhada com a rede de notícias AFP, a tripulação constatou a morte de 96 pessoas.

Filippo Grandi, Alto-Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, tuitou: “Mais de 90 pessoas morreram em outra tragédia mediterrânea. A Europa provou ter capacidade para abrigar quatro milhões de refugiados ucranianos com eficácia e generosidade. Deve agora considerar como aplicar o mesmo a outros refugiados e migrantes que desesperadamente batem em suas portas”.

O MSF reafirmou que os indivíduos resgatados no último sábado demandam proteção e cuidado. “Nenhum dos sobreviventes deve ser devolvido a localidades onde enfrentam encarceramento, abuso e maus tratos … a Líbia não é um lugar seguro”.

Após uma década de conflito, o território líbio tornou-se um dos principais pontos de partida a refugiados africanos e asiáticos, que buscam chegar à Europa em condições bastante precárias, frequentemente vítimas de naufrágios ou abusos de autoridades estrangeiras.

A União Europeia é alvo de críticas por sua política de colaboração com a Guarda Costeira da Líbia para reprimir a travessia marítima. Devolvidos ao país norte-africano, muitos refugiados sofrem abusos hediondos em centros de detenção.

Ainda antes desta última tragédia, a Organização Internacional para Migração (OIM), agência das Nações Unidas, havia registrado 367 mortes no Mediterrâneo desde o início do ano. Em 2021, ao menos 2.048 pessoas se afogaram durante a perigosa jornada.

LEIA: Lembrar o apartheid desde a fronteira é também resistir

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