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Egito inicia nova rodada de negociações com o FMI

Prédio do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Washington DC, 7 de junho de 2010 [Wikimedia]

O Egito iniciou uma nova rodada de negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para solicitar assistência financeira, com a possibilidade de um novo empréstimo, com intuito de conter os impactos da invasão russa na Ucrânia sobre sua economia.

Uma linha preventiva de liquidez ou uma política de coordenação estão entre as alternativas discutidas, segundo a agência de notícias Bloomberg. As conversas, porém, são confidenciais.

Na última semana, a libra egípcia desvalorizou quase 14% enquanto investidores estrangeiros deixam o Egito devido aos prejuízos acumulados pela quarta semana de confronto na Ucrânia.

Nesta segunda-feira (21), o Human Rights Watch (HRW) advertiu que a invasão de Moscou ao país vizinho está agravando a carestia dos alimentos e aprofundando a situação de miséria no Oriente Médio e Norte da África.

Quase 80% das importações de trigo ao Egito são provenientes da Rússia e Ucrânia. Ambos os países são os principais exportadores de produtos agrários à região, de modo que a guerra e as subsequentes sanções estão afetando severamente o abastecimento.

LEIA: Índia planeja exportar trigo ao Egito diante da crise causada pela invasão na Ucrânia

O preço dos alimentos já atingiu o maior índice em dez anos devido à inflação e à pandemia de coronavírus; a deflagração do conflito exacerbou o problema.

O FMI aprovou um empréstimo de US$12 bilhões ao Egito em 2016, para evitar o colapso econômico no país. Em troca, o regime de Abdel Fattah el-Sisi comprometeu-se em impor medidas de austeridade, incluindo a redução de subsídios energéticos.

O Cairo aumentou diversas vezes os custos do petróleo, da eletricidade e das commodities alimentícias aos cidadãos comuns. Um terço da população vive abaixo da linha da pobreza.

Além disso, ao adotar um sistema de câmbio flutuante, o governo egípcio efetivamente cortou os salários dos trabalhadores nacionais pela metade.

Em 2020, o Egito pegou outro empréstimo do FMI; desta vez, US$5.2 milhões, sob pretexto da pandemia. A instituição financeira é criticada por ignorar condições de transparência e direitos humanos ao avalizar seus acordos.

Há cerca de 60 mil prisioneiros políticos no Egito, sob tortura sistemática. A liberdade de expressão é controlada e reprimida violentamente pelo regime militar.

Diante do auge do coronavírus, o Banco Mundial aprovou um empréstimo de US$50 milhões a um programa de saúde no Egito; entretanto, sem abordar represálias contra trabalhadores do setor, incluindo aprisionamento de médicos que questionaram os dados oficiais.

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