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Índia planeja exportar trigo ao Egito diante da crise causada pela invasão na Ucrânia

Homem egípcio vende pães no Cairo, 8 de dezembro de 2017 [Mohamed el-Shahed/AFP/Getty Images]

A Índia estão na fase final de negociações para exportar trigo ao Egito, segundo o jornal Economic Times, sediado em Mumbai, ao passo que a invasão russa na Ucrânia afetou o abastecimento de insumos alimentares no país norte-africano.

Até o início da guerra, a Rússia era o principal exportador de trigo do mundo; o Egito, o maior importador. Até fevereiro, o Cairo importava cerca de 80% do produto consumido em âmbito local de ambos os países envolvidos no conflito. Agora, tem de buscar alternativas.

A Índia produz aproximadamente 108 milhões de toneladas de trigo por ano, a maior parte para consumo doméstico. Porém, as exportações de trigo indiano cresceram de US$320.17 milhões a US$1.74 bilhão no período de um ano.

A Índia também negocia exportar seu excedente a China, Turquia e Irã.

Em 9 de março, a Ucrânia proibiu a exportação de alimentos como parte dos esforços para conter a crise humanitária. A invasão devastou infraestrutura e terras agrárias; fazendeiros tiveram de abandonar suas colheitas para escapar do país ou juntar-se à resistência.

LEIA: Picos de preços de alimentos de guerra na Ucrânia podem empurrar 40 milhões para grupo de pobreza extrema

No início de março, o Cairo estimava prejuízo de US$955 milhões para arcar com sua demanda por trigo, devido à crise subsequente à invasão do Kremlin ao país vizinho.

Em 2018, a Organização das Nações Unidas (ONU) constatou que 32 milhões de pessoas no Egito vivem abaixo da linha da pobreza. Entretanto, o regime do presidente e general Abdel Fattah el-Sisi manteve a imposição de medidas de austeridade.

Em 2016, o regime decidiu adotar o sistema de flutuação cambial, o que desvalorizou a moeda e encareceu o custo de vida no país. Além disso, Sisi autorizou impostos sobre valor agregado e cortou diversos subsídios, incluindo sobre o combustível.

A maior parte da população egípcia depende de produtos subsidiados; cerca de 70 milhões de pessoas consomem pão subsidiado em suas refeições diárias.

Na sexta-feira (18), o premiê Mostafa Madbouly aprovou um aumento de 7% no preço do gás de cozinha, pela segunda vez em apenas três meses. A alta inflacionária sobre os alimentos já dura uma década, agravada pela pandemia de coronavírus.

O preço do pão aumentou 50% no Egito em apenas uma semana, após a invasão na Ucrânia.

Nesta segunda-feira (21), o Human Rights Watch (HRW) voltou a instar governos internacionais a asseverar que o conflito no Leste Europeu não deteriore ainda mais a crise alimentar no Norte da África e Oriente Médio, sobretudo nas zonas de conflito.

A interrupção na cadeia de fornecimento de produtos agrários oriundos de Rússia e Ucrânia “exacerba a alta dos preços de bens alimentares e aprofunda a pobreza”, advertiu o HRW.

O Centro para Desenvolvimento Global afirmou na última semana que o pico nos preços de alimentos e energia levará mais de 40 milhões de pessoas à situação de miséria.

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