Um novo estudo revelou que 86% das mulheres marginalizadas entre 18 e 35 anos de idade, no Egito, foram submetidas à mutilação genital feminina (MGF).
Trata-se apenas de 1% a menos do que em 2014, quando o governo egípcio realizou o último Senso Nacional de Saúde, segundo a rede de notícias Deutsche Well.
Habiba Abdelaal, membro do Instituto Tahrir para Política do Oriente Médio, alegou “espanto” diante da mudança mínima no país norte-africano, sobretudo diante das promessas do regime de extinguir a prática até 2030.
No entanto, Amel Fahmy, co-autora de um estudo sobre o assunto e diretora do Centro Tadwein, observou que há uma queda no número de mulheres e homens que apoiam a mutilação genital feminina.
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Em 2008, o Egito criminalizou a prática; no último ano, afirmou robustecer a legislação, ao impor 20 anos de cadeia a quem realizar ou encomendar a cirurgia, além de suspensão da licença médica por cinco anos aos profissionais envolvidos.
Feministas alertam, contudo, que a lei não é aplicada e que os criminosos não são devidamente responsabilizados. O último relatório demonstra, de fato, que pouco foi feito para dar fim a essa prática brutal. Autoridades negligenciam denúncias, o que encoraja a violência.
Em junho de 2020, um pai conspirou para executar a cirurgia em suas três filhas, ao prometer levá-las para vacinação contra o coronavírus — evidentemente, mentira.
No mesmo ano, uma menina de 12 anos, Nada Abdul Maksoud, morreu de hemorragia durante a operação. Após uma onda de indignação em âmbito global, as autoridades egípcias decidiram prender seus pais, sua tia e o médico responsável.
As mulheres costumam ser “circuncizadas” sem anestesia, cujo valor é cobrado separadamente. A ilegalidade também aumentou o preço das operações. A mutilação pode causar infertilidade, infecções, complicação no parto e problemas no trato urinário.
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