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Arthur do Val pode perder mandato por ofensas às mulheres na fronteira da Ucrânia

Deputado estadual Arthur do Val, do Podemos [Divulgação/Alesp]

As ofensas do deputado estadual Arthur do Val, do Podemos, às mulheres ucranianas deverá render-lhe punição na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) e, muito possivelmente, a perda de mandato e o desligamento do partido pelo qual era pré-candidato ao governo estadual.  Em sua viagem recente à Ucrânia, cruzando de volta a fronteira para a Eslováquia, ele gravou um vídeo proferindo bestialidades sobre as mulheres que fogem da guerra.

O criador do canal de Youtube dirigiu-se aos amigos para falar da fartura de mulheres bonitas entre as refugiadas, e afirmou que elas “são fáceis, porque são pobres”. Alem disso divulgou dicas para o turismo sexual no Leste Europeu, transmitidas pelo amigo Renan dos Santos, coordenador do Movimento Brasil Livre (MBL), que sempre viaja em  busca de sexo fácil com loiras, o que eles batizaram de “tour de blond”. Do Val prometeu voltar à região assim que a guerra acabe, com esse objetivo.

O áudio viralizou entre grupos do whatsapp provocando reações indignadas de de todos os setores políticos, a começar pela ex-embaixatriz da Ucrânia no Brasil Fabiana Tronenko, que pediu aos deputados estaduais de São Paulo a cassação do mandato do deputado.

Ela publicou um vídeo bastante emocionada, exigindo respeito pelas mulheres, ela diz que o deputado  “cretino” e sem “noção do que o povo ucraniano está sofrendo” e contesta sua qualificação para candidatar-se “Deus que livre o governo de São Paulo de ter um governador como você, porque você é uma vergonha”, disse ela.

O risco de tê-lo candidato com espaço na TV não é mais uma preocupação para as mulheres, uma vez que ele se viu forçado a desistir de sua pré-candidatura, em que disputaria votos ao lado do candidato à presidência Sergio Moro. Também publicou um vídeo se desculpando.  Mas as punições mais severas ameaçam seu mandato legislativo e chance de reeleição, frente a uma avalanche de protestos na Assembleia Legislativa.

“Ele renunciou à pré-candidatura ao governo de São Paulo. Melhor ainda seria se ele renunciasse também ao cargo de deputado”, disse a deputada bolsonarista Leticia Aguiar (PSL). A presidente nacional do partido, deputada federal Renata Abreu (SP), disse ter aberto procedimento disciplinar interno.

No sábado (5),  a deputada estadual Isa Penna, líder do PSOL, protocolou um pedido de cassação no sistema do Conselho de Ética da Casa. Os deputados do PT prometeram entrar com uma representação contra Do Val neste domingo (6). Além das representações internas, o Ministério público também deve ser acionado para apurar as despesas da viagem que, segundo o Movimento Brasil Livre, foram cobertas por crowdfunding. O pedido de investigação deve ser feito pelo PL.

Às vésperas do 8 de Março, Dia Internacional de Luta da Mulher, as ofensas do deputado deverão ter rápida resposta. A  presidente do Conselho de Ética,  deputada estadual Maria Lucia Amary (PSDB), disse que, já nesta segunda-feira (7), tomará medidas para dar celeridade à investigação.

“Em carta à cônsul-geral da Ucrânia em São Paulo, Valerii Hryhorash, o deputado Paulo Fiorilo (PT), que preside a Comissão de Relações Internacionais da Alesp, disse que “o Parlamento será ágil para analisar e punir este parlamentar que desonrou o Legislativo, nosso País, as mulheres ucranianas e todas as mulheres ofendidas pelas declarações, em data tão próxima ao Dia Internacional de Luta das Mulheres”.

LEIA: O conflito russo-ucraniano e as fragilidades econômicas do Brasil

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