Guerra russo-ucraniana: Como o Oriente Médio reagiu à invasão?

Após semanas de tensões e impasses diplomáticos, a Rússia lançou uma série de ataques por toda a Ucrânia na madrugada desta quinta-feira (24), incluindo sobre a capital Kiev e a cidade de Kharkiv, no nordeste do país.

De uma grave ameaça regional a resultado intrínseco da intervenção ocidental, líderes e jornais do Oriente Médio reagiram rapidamente, cada qual a seu modo, à recente escalada.

A seguir, o que eles têm a dizer:

Irã

O Ministro de Relações Exteriores do Irã Hossein Amir-Abdollahian alegou no Twitter que a crise ucraniana “tem raízes em provocações da OTAN”, em referência às tentativas da Organização do Tratado do Atlântico Norte de aliciar o estado europeu à coalizão.

“Não vemos a guerra como solução”, prosseguiu o chanceler. “Instituir um cessar-fogo e concentrar-se em uma solução política e democrática é uma necessidade”.

A embaixada iraniana em Kiev instou seus cidadãos a deixarem o país e declarou trabalhar para autorizar voos de evacuação, dado que o espaço aéreo ucraniano permanece fechado, segundo informações da agência semi-oficial de notícias Isna.

Na manhã desta sexta-feira (25), o jornal conservador Resalat publicou um editorial sobre a questão, intitulado “O resultado de confiar no Ocidente”.

Jornal iraniano Resalat comenta crise ucraniana: “O resultado de confiar no Ocidente”.

Iraque 

O influente clérigo xiita Muqtada al-Sadr comentou no Twitter: “Guerras jamais foram solução aos problemas, mas sim amplificam as crises. Principalmente, uma guerra que pode arrastar o mundo inteiro a um implacável confronto”.

“Digo isso tendo em mente a amarga experiência iraquiana … repleta de guerras e sangue, dos quais nada tiramos senão ruína, fraqueza e devastação, além da ascensão do extremismo e do terrorismo em nossos países árabes e islâmicos”, prosseguiu al-Sadr.

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A chancelaria em Bagdá solicitou às universidades ucranianas que concedam licença emergencial aos estudantes iraquianos, “caso a situação de segurança se deteriore”.

Israel

O Ministro de Relações Exteriores de Israel Yair Lapid afirmou: “Os ataques russos na Ucrânia são uma grave violação da ordem internacional”. Tel Aviv condenou os ataques; em resposta, Moscou condenou os assentamentos nas Colinas de Golã, pertencentes à Síria.

Egito

A embaixada egípcia em Kiev solicitou a seus cidadãos que permaneçam em casa, tenham em mãos seus documentos de identidade e “sigam as orientações das autoridades ucranianas até que a situação se estabilize”.

Catar

O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky telefonou ao emir catariano Tamim bin Hamad al-Thani nesta quinta-feira, para informá-lo dos últimos acontecimentos no país, reportou a imprensa estatal da monarquia árabe.

Al-Thani pediu às partes que exerçam comedimento e solucionem a crise por meios diplomáticos, conforme comunicado oficial.

Turquia 

O regime turco de Recep Tayyip Erdogan pediu ao Kremlin que suspenda imediatamente sua operação militar “injusta e ilegal” contra a Ucrânia. A despeito de uma recente aproximação com o Kremlin, a Turquia é parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte.

O Ministério de Relações Exteriores em Ancara acusou Moscou de violação flagrante da lei internacional. “Trata-se de uma grave ameaça contra a região e todo o mundo. A Turquia é contra a mudança de fronteiras por meio de armas”, insistiu a chancelaria.

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O embaixador ucraniano Vasyl Bodnar insistiu que Kiev espera postura e solidariedade do governo turco. Em seguida, implorou ajuda da Turquia, para fechar seu espaço aéreo e os estreitos de Bósforo e Dardanelos a aeronaves e embarcações russas.

“Pedimos a nosso parceiro estratégico que nos apoie nestes tempos difíceis”, insistiu Bodnar.

Artigo publicado originalmente no site Middle East Eye

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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