Após privatização, refinaria operada por fundo árabe faz preço da gasolina subir na Bahia

A Acelen, empresa árabe que opera a Refinaria Mataripe, antiga Refinaria Landulpho Alves (RLAM), na Bahia, anunciou no último sábado (5) um novo aumento de preço dos combustíveis para as distribuidoras. Esse é o quarto reajuste anunciado em menos de quarenta dias; desta vez, o valor aumentou em R$0,11. Vendendo a valores mais caros que os praticados pela Petrobras, a privatização é sentida pelos consumidores da Bahia, que sofrem com os valores maiores de gasolina que a média nacional.

A Acelen, fundada para operar a refinaria, pertence ao fundo soberano de Abu Dhabi, o Mubadala, do príncipe Mohammed bin Zayed Al Nahyan, dos Emirados Árabes Unidos. Criada em 1950, a RLAM, localizada em São Francisco do Conde, na Bahia, era a primeira refinaria nacional de petróleo; no fim de novembro de 2020, foi privatizada, em uma compra de US$ 1,65 bilhão (R$ 8,7 bilhões, na cotação atual) e hoje vende a gasolina mais cara do país.

Na última terça-feira (1), a Federação Nacional dos Petroleiros informou que a Refinaria de Mataripe registra o recorde da gasolina mais cara do país. Os preços da Acelen, segundo a empresa, variam conforme as cotações internacionais do petróleo e a variação do dólar. Apenas em janeiro, foram três aumentos da gasolina e do diesel e um reajuste do gás de cozinha. Enquanto a Petrobrás aumentou o preço de venda do combustível apenas uma vez.

Em levantamento do Observatório Social da Petrobras, organização para divulgar os impactos que a privatização da Petrobrás gera no Brasil, em 20 de janeiro, a gasolina de Mataripe já estava 2,6% mais cara que a média das refinarias da Petrobrás.

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“Esses aumentos constantes da Acelen estão inviabilizando a economia baiana e penalizando o consumidor, que está sentindo o galopar dos preços, refletindo numa redução drástica do consumo”, afirmou Walter Tannus, presidente do  Sindicato do Comércio de Combustíveis, Energias Alternativas e Lojas de Conveniência do Estado da Bahia (Sindicombustíveis Bahia), para o site iBahia. Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, Tannus afirma que os reajustes praticados pela Acelen acontecem com maior frequência que a Petrobras e, por acompanhar a variação internacional, causa “desequilíbrio no mercado”. Ele ainda conta que os postos de gasolina localizados nas divisas com outros estados já sentiram uma perda de quarenta a cinquenta por cento nas vendas, “já que os consumidores têm preferido viajar para encher o tanque com gasolina mais barata em estados vizinhos”. De acordo com a Folha, a gasolina de Mataripe custa R$0,14 a mais que a média cobrada pela estatal e o diesel-S10 custa R$0,06 a mais. Historicamente, o litro do combustível de Mataripe custava dois centavos a menos que o preço médio das outras refinarias da Petrobrás.

O gás de cozinha vendido pela Mataripe também ficou mais caro a partir da última quinta-feira (3). Com o aumento, o preço médio do botijão de 13kg fica entre R$115 e R$120, segundo o Sindigás.

O aumento dos preços é uma das consequências da privatização. Em dezembro do ano passado, quando a Petrobras anunciou a queda de 3% da gasolina, a refinaria de Mataripe anunciou que não seguiria o reajuste e que teria uma política de preços independente, observando as oscilações naturais do mercado internacional.

Além da refinaria brasileira, o fundo Mubadala também passou a controlar a concessionária Metrô Rio, no Rio de Janeiro, que pertencia à Invepar.

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