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Ministro de Israel insiste em ‘arborizar’ o Negev, a despeito dos palestinos locais

16 de janeiro de 2022, às 10h15

Palestinos do Negev, no sul do território considerado Israel, protestam contra medidas de florestamento empreendidas pelo Fundo Nacional Judaico, em 13 de janeiro de 2022 [Mücahit Aydemir/Agência Anadolu]

A campanha de florestamento do Negev deve continuar, ao passo que Tel Aviv recusa-se a debater a questão, confirmaram nesta sexta-feira (14) assessores próximos do Ministro de Terras e Habitação de Israel, Ze’ev Elkin, segundo informações da agência Sama.

Desde a última semana, o Fundo Nacional Judaico (FNJ), em coordenação com o governo israelense, classifica lotes pertencentes a residentes árabes de Israel — isto é, palestinos que não deixaram suas terras durante a Nakba, em 1948 — a fim de substituí-los por árvores.

Os palestinos insistem que tais atividades são um prelúdio para a expulsão de suas aldeias, habitadas por seus ancestrais há gerações e gerações.

Após protestos no Negev e ameaças do partido Ra’am de deixar a frágil coalizão de governo liderada pelo premiê Naftali Bennett, seu governo aceitou suspender o projeto.

Contudo, declarou Elkin:

Continuaremos a plantar as árvores como deveríamos. Lidaremos com o problema político. Compreendo a pressão que o público beduíno [residentes árabes] impõe ao Ra’am … No entanto, são terras do estado. Sou a favor de resolver os problemas com diálogo e esta é a linha adotada por Mansour Abbas [líder do Ra’am], a qual agradeço.

O partido árabe ameaçou deixar de votar junto do governo até que a questão seja solucionada.

Não obstante, a rede israelense Ynet News constatou que o FNJ não interrompeu suas ações e prometeu concluir o projeto dentro de cem dias. Bennett alegou que as atividades foram suspensas, mas que os “distúrbios árabes” continuam.

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