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Etiópia prende milhares de nativos do Tigré repatriados da Arábia Saudita

Voluntários checam documentos de identidade durante patrulha em Addis Ababa, Etiópia, 17 de novembro de 2021 [AMANUEL SILESHI/AFP via Getty Images]

Autoridades etíopes prenderam milhares de nativos da região do Tigré repatriados da Árabia Saudita, segundo relatório da organização internacional Human Rights Watch (HRW). Muitos dos detidos permanecem desaparecidos.

Após dezenas de milhares de tigrés serem deportados da monarquia do Golfo, entre dezembro de 2020 e setembro de 2021, sob um acordo com a Etiópia, muitos foram apreendidos logo ao chegar na capital Addis Ababa e outras partes do país.

Outros cidadãos repatriados foram identificados e abordados em postos de controle rodoviários e impedidos de chegar à sua província natal, no norte da Etiópia.

Os tigrés capturados são mantidos em instalações carcerárias e centros de migração, sem poder contactar suas famílias. Segundo duas fontes que falaram ao HRW, são então transportados a fazendas de café e escravizados, em condições precárias e com pouco alimento.

De acordo com o novo relatório: “A detenção de milhares de tigrés deportados da Arábia Saudita, sem informar seus familiares sobre sua prisão ou paradeiro, equivale a desaparecimento forçado, em violação da lei internacional”.

LEIA: Etiópia limita informações divulgadas sobre a guerra no país

Antes das deportações, conforme os relatos, os trabalhadores etíopes foram mantidos de seis meses a seis anos em diversos centros de detenção na Arábia Saudita, onde eram privados de alimentação adequada e mesmo torturados.

O atual conflito entre o governo da Etiópia e a Frente de Libertação Popular do Tigré (FLPT) deflagrou-se em novembro de 2020, após o primeiro-ministro Abiy Ahmed ordenar uma ofensiva militar contra as forças locais.

Rebeldes tigrés avançaram pelo país e, segundo rumores, quase capturaram Addis Ababa. Contudo, recuaram ao norte a fim de negociar um eventual cessar-fogo.

A possibilidade de uma solução política, porém, não impediu o governo de reprimir qualquer chance de dissidência ou insurreição, ao ponto de sequestrar tigrés repatriados da Arábia Saudita sob receios de que se filiassem às forças rebeldes.

Em novembro último, as autoridades federais declararam “estado de emergência”, com validade prevista de seis meses. Jeffrey Feltman, enviado dos Estados Unidos para o Chifre da África, deve visitar a Etiópia nesta sexta-feira (7) para debater negociações de paz.

LEIA: Emirados enviam armas à Etiópia, segundo reportagem da Al Jazeera

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