Portuguese / English

Middle East Near You

Músico sírio se torna luthier e produz alaúdes em São Paulo

Rajana Oulby [Arquivo pessoal]

O sírio Rajana Oulby iniciou uma nova etapa de sua carreira no Brasil. Desde que a pandemia do coronavírus começou, com shows e eventos interrompidos, o músico se viu sem a principal fonte de renda. A partir daí, Oulby decidiu aprender a produzir seus próprios instrumentos.

Há mais de seis anos morando no Brasil, o sírio tentou por diversas vezes encontrar um alaúde que correspondesse à sua expectativa. “Comprei quatro ou cinco. Não gostava e ia comprando outros, mas não tinham o som que eu queria”, afirmou ele.

Assim, o músico se descobriu também um luthier. A produção dos instrumentos é hoje a principal ocupação de Oulby. Os produtos são vendidos de forma online, principalmente em sites como o Mercado Livre, e através do próprio Facebook do sírio. “Gosto muito de trabalhar como luthier. Vendi instrumentos para cinco estados brasileiros e estou planejando vender para fora. Já tive contatos da Alemanha e Austrália, e Emirados Árabes Unidos”, revelou ele.

Para chegar ao nível que precisava para suas composições, Oulby percebeu que precisaria produzir ele mesmo o seu alaúde. Com a experiência de quem toca o instrumento há mais de 20 anos e acesso a tutoriais online, ele utilizou o tempo em casa a seu favor. “Aprendi sozinho, assistindo vídeos de pessoas diferentes. Também aprendi a fazer cavaquinho e violino assim”, contou ele em entrevista à ANBA.

LEIA: ‘A música ajuda os palestinos a manter a resistência’, afirma professor

Para produzir os instrumentos, os materiais que o sírio utiliza incluem madeiras como imbuia, roxinho, marfim e nogueira para o fundo e braço do produto. Já o tampo, requer madeiras especiais, como cedro canadense, mogno africano ou o cedro rosa. “O uso [do material] depende do que o cliente quer e do preço”, explicou ele.

O luthier trabalha com encomendas. A produção de cada instrumento leva entre 20 e 30 dias e a maior parte da matéria-prima é comprada no Brasil. A clientela de Oulby é formada majoritariamente por músicos profissionais, mas há também amadores e alunos que estão começando a aprender seu primeiro instrumento.

Desde que migrou ao Brasil, o sírio já trabalhou em uma fazenda e como eletricista, além de ter feito um curso para ensinar o barismo. Além do trabalho como luthier, Oulby mantém sua carreira como compositor e músico e criou durante a pandemia a banda Nikkal. O grupo chegou a se apresentar de forma online na Casa da Cultura do Butantã. A banda segue agora à procura de novas oportunidades de shows e eventos.

Publicado originalmente em Anba

Categorias
América LatinaÁsia & AméricasBrasilNotíciaOriente MédioSíria
Show Comments
Palestina: quatro mil anos de história
Show Comments