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Artistas australianos boicotam Festival de Sydney por recursos de Israel

A embaixada israelense na Austrália deu US$20 mil aos organizadores do Festival de Sydney para permitir que o coreógrafo israelense Ohad Naharin se apresentasse

Cerca de trinta artistas e organizações australianas decidiram boicotar o Festival de Sydney de 2022, devido a uma doação da embaixada israelense de US$20 mil para realizar uma performance do coreógrafo Ohad Naharin.

A banda de soul Karate Boogaloo, da cidade de Melbourne, foi o mais recente grupo de artistas a cancelar sua participação no evento, como parte da campanha de boicote cultural contra a ocupação e colonização da Palestina histórica.

Em sua página do Instagram, afirmou a banda na segunda-feira (3): “Boicotes e desinvestimentos têm um histórico forte de responsabilizar governos e empresas por suas ações … A Karate Boogaloo expressa sua solidariedade com o povo palestino e boicota o Festival de Sydney como resultado de recursos oriundos de um regime que viola os direitos humanos”.

Banda Karate Boogaloo anuncia boicote a Festival de Sydney por recursos de Israel

Também revogaram sua participação: o artista multimídia e vencedor do prêmio Blake, Khaled Sabsabi; a cantora aborígene Barkaa; a trupe de dança Bindi Bosses; o Estúdio de Teatro Árabe; o coletivo Bankstown Poetry Slam; e o comediante Nazeem Hussain.

O tradicional Festival de Sydney ocorre entre 6 e 30 de janeiro.

Na última semana, o Movimento Palestino por Justiça em Sydney observou em comunicado que o acordo entre os organizadores do evento e Tel Aviv foi assinado em maio de 2021, justamente quando Israel lançou um bombardeio de onze dias contra a Faixa de Gaza.

Os ataques mataram ao menos 256 palestinos e deixaram milhares de desabrigados.

“Israel utiliza a cultura para encobrir práticas de apartheid e representar a si próprio como uma democracia justa, livre e iluminada”, denunciou a nota. “Ao firmar uma parceria com Israel, o Festival de Sydney será cúmplice da estratégia de encobrir crimes por meio da arte e contribuirá, portanto, com a normalização de um regime de apartheid”.

Em resposta, David Kirk, presidente da diretoria do festival, insistiu que os recursos não serão devolvidos, tampouco será cancelada a performance de Ohad Naharin. Entretanto, prometeu que doações similares não serão aceitas nas edições futuras.

“Todos os acordos de financiamento para a edição deste ano — incluindo a performance Decadance [patrocinada por Israel] — serão respeitados e os eventos serão mantidos”, ratificou Kirk em comunicado. “Não obstante, nosso conselho está determinado em reavaliar suas práticas sobre recursos oriundos de governos estrangeiros ou partes relacionadas”.

LEIA: BDS declara apoio a prisioneiros palestinos em prisões israelenses

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