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Iniciativa ‘Cidadãos Contra o Golpe’ inicia manifestação na Tunísia

Centenas de tunisianos se reúnem na Praça do Bardo, perto do parlamento, para protestar contra a tomada de poder do presidente, Kais Saied, em Túnis, Tunísia, em 14 de novembro de 2021 [Nacer Talel/Agência Anadolu]
Centenas de tunisianos se reúnem na Praça do Bardo, perto do parlamento, para protestar contra a tomada de poder do presidente, Kais Saied, em Túnis, Tunísia, em 14 de novembro de 2021 [Nacer Talel/Agência Anadolu]

A iniciativa “Cidadãos contra o Golpe” anunciou, na sexta-feira (17), o início de um protesto aberto na Avenida Habib Bourguiba, no centro da capital da Tunísia, para pedir o fim do “golpe contra a constituição”.

“A partir de hoje, começaremos uma manifestação aberta até o fim do golpe e para derrubar aquele que se voltou contra a constituição”, afirmou Jawhar Bin Mubarak, membro do Corpo Executivo da Iniciativa, em referência ao presidente Kais Saied.

“O sangue dos mártires e o sacrifício tunisiano para alcançar os objetivos da revolução exigem nossa resiliência, posição e manifestação para expressar nossa recusa à continuidade do golpe e ao desvio do curso democrático”, afirmou Bin Mubarak.

A iniciativa Cidadãos Contra o Golpe de Estado é uma mobilização popular que propôs um roteiro para acabar com a crise política na Tunísia, incluindo a realização de eleições presidenciais e legislativas no segundo semestre de 2022.

No início da sexta-feira, Tunis testemunhou duas manifestações em massa em comemoração ao 11º aniversário da revolução que derrubou o regime do ex-ditador Zine El Abidine Ben Ali.

Na segunda-feira, Saied anunciou a continuidade do congelamento de poderes do parlamento até a realização de eleições antecipadas em 17 de dezembro de 2022.

“Os projetos de reforma constitucional e outros serão emitidos no dia 25 de julho (data da declaração da República), além de outras reformas relativas à regulamentação das eleições sem a interferência de nenhum partido e fora das leis anteriores”, explicou o presidente.

Porém, ameaçou: “Quem cometer crimes contra o povo e o Estado tunisianos será julgado, e o judiciário deve cumprir sua função com total neutralidade”.

Em resposta, forças políticas e sociais declararam sua rejeição às decisões de Saied, ao descrevê-las como “monopólio do pensamento e devoção do poder individual”. Outras forças manifestaram apoio, como “expressão das aspirações do povo tunisiano”.

Desde 25 de julho, a Tunísia tem testemunhado uma crise política contínua, após Saied declarar “medidas excepcionais”, incluindo a suspensão do parlamento, a revogação da imunidade de seus membros, a emissão de legislação por decretos, a demissão do premiê Hichem Mechichi e a nomeação de um novo governo.

Enquanto a maioria das forças políticas rejeita tais medidas como “golpe contra a Constituição”, outras as apoiam e as consideram uma “correção da trajetória da revolução de 2011”, sob pretexto de crises políticas, econômicas e de saúde.

Saied, que iniciou mandato presidencial de cinco anos em 2019, anunciou que tomou as medidas ao abrigo da Constituição para proteger o país de “um perigo iminente”, afirmando que “direitos não serão violados”.

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