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Mãe de fotógrafo sequestrado na Síria acusa Casa Branca de obstruir sua soltura

Fotógrafo freelancer Austin Tice no Cairo, capital do Egito, poucos meses antes de ser abduzido na Síria, em março de 2012 [Christy Wilcox/AFP/Getty Images]
Fotógrafo freelancer Austin Tice no Cairo, capital do Egito, poucos meses antes de ser abduzido na Síria, em março de 2012 [Christy Wilcox/AFP/Getty Images]

A mãe de Austin Tice, estudante e jornalista americano sequestrado pelo regime sírio há quase uma década, acusou a Casa Branca de obstruir a soltura de seu filho.

Debra Tice chegou a Washington há cinco semanas, para reunir-se com oficiais americanos.

No entanto, durante entrevista coletiva realizada no Clube de Imprensa Nacional, na última quinta-feira (9), afirmou Debra: “O obstáculo que encontro é a própria Casa Branca”.

Apesar dos rumores de algum avanço nas conversas com oficiais de governo, nenhum progresso materializou-se e Debra não pôde encontrar ainda o presidente Joe Biden ou seu conselheiro de segurança nacional, Jake Sullivan.

“As coisas que discutimos têm de subir na hierarquia, senão é apenas chá e biscoito”, reiterou.

Debra não é a única familiar em situação semelhante a ser ignorada pelo alto escalão da gestão Biden. Em outubro, uma carta aberta expressou a frustração de mais de vinte famílias de americanos detidos ou mantidos como reféns no país assolado pela guerra.

Austin Tice — ex-capitão da Marinha e estudante da Universidade de Georgetown — viajou à Síria em maio de 2012, para cobrir o conflito em nome de diversas redes de imprensa.

Soldados abordaram seu táxi em um posto de controle no subúrbio de Damasco, em agosto, quando Tice então desapareceu em custódia do regime de Bashar al-Assad.

Fora um vídeo curto do jornalista vendado, divulgado cinco semanas depois, desde então, não foram compartilhadas informações sobre seu estado ou paradeiro.

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Ao longo dos anos, os Estados Unidos demandaram sua soltura, em meio ao turbilhão político que atingiu a potência ocidental. Em 2020, representantes do então presidente Donald Trump viajaram à capital síria para negociar a libertação do jornalista desaparecido.

Ali Mamlouk — chefe de inteligência do regime sírio — exigiu a retirada absoluta das forças americanas do país árabe, além do fim das sanções e da restauração da diplomacia entre as partes. Washington recusou, ao defender sua política vigente sobre a questão.

Debra Tice reivindica agora que o governo democrata tente novamente libertar seu filho, sobretudo após Abbas Ibrahim — chefe de segurança do Líbano — auxiliar na soltura do turista americano Sam Goodwin, desaparecido na Síria há mais de dois meses.

“Não percam essa oportunidade”, enfatizou Debra. “As portas se abriram um pouquinho, precisamos escancará-las agora e salvar meu filho … um cidadão americano que depende que seu governo faça o que sabe ser preciso para trazê-lo para a casa”.

Após os comentários de Debra, um assessor sênior da Casa Branca — segundo relatos, Jake Sullivan — encontrou-se com ela neste sábado (11) e prometeu avançar nos esforços para reaver a liberdade de Austin Tice.

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