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Violência colonial é ‘ferramenta informal’ para expulsar palestinos, alerta B’Tselem

Colonos israelenses atacam fazendeiros palestinos na aldeia de Hawara, perto do assentamento ilegal de Yitzhar, na Cisjordânia ocupada, 7 de outubro de 2020 [JAAFAR ASHTIYEH/AFP via Getty Images]

A violência perpetrada cotidianamente por colonos ilegais contra fazendeiros palestinos representa uma “ferramenta informal” adotada por Israel para expulsar a população nativa e expropriar suas terras na Cisjordânia ocupada, advertiu a ong israelense B’Tselem.

Em relatório denominado “Negócios de Estado: a expropriação israelense de terras via violência colonial”, o grupo de direitos humanos detalhou atos de agressão, intimidação e terrorismo conduzidos contra fazendeiros palestinos na Cisjordânia ocupada.

Segundo a denúncia, o estado ocupante busca legitimar a violência contra os cidadãos nativos e desacata sua promessa à comunidade internacional de controlar seus colonos ilegais.

A imagem da violência colonial como exceção não reverbera a realidade, apontou a B’Tselem, de modo que constitui uma “ferramenta informal” para anexar terras palestinas.

LEIA: Colonos e exército de Israel derrubam amendoeiras palestinas na Cisjordânia

A ocupação costuma expropriar territórios nativos por “mecanismos oficiais”, como decretos militares, para declarar áreas estratégicas como “terras públicas”, “zonas de disparo” ou “reservas naturais”. A violência colonial, todavia, não abrange tais meios.

Portanto, segundo a concepção prévia, há dois caminhos em curso: o estado israelense toma terras publicamente, com aval de juízes e conselheiros legais, enquanto colonos lançam ataques contra os palestinos, em favor de suas próprias reivindicações.

No entanto, enfatizou a B’Tselem, há efetivamente um “único caminho”, pois as agressões coloniais são parte da política em vigor. “A violência dos colonos contra os palestinos serve de ferramenta informal majoritária para tomar mais e mais terras da Cisjordânia”.

Argumentou o relatório:

O estado apoia absolutamente e assessora tais atos de violência; seus agentes, ocasionalmente, envolvem-se diretamente. Desta maneira, a violência colonial é uma modalidade de política de estado, auxiliada e encorajada por autoridades públicas, com sua participação ativa.

De acordo com a B’Tselem, o exército israelense “não impede os ataques; em alguns casos, seus soldados até mesmo colaboram”. Policiais tampouco intervêm e encobrem denúncias.

“Quando a violência ocorre com aval e assistência das autoridades, trata-se de violência de estado”, concluiu o relatório. “Os colonos não desafiam o estado; fazem seu serviço”.

Os últimos meses vivenciaram um pico de ataques de colonos contra os palestinos. Um vídeo viralizou nas redes sociais neste fim de semana, registrando os atentados executados por colonos ilegais contra terras produtivas, na Cisjordânia ocupada.

Ao compartilhá-lo, comentou a B’Tselem: “Ataques com cassetetes, spray de pimenta, pedras, armas de fogo, cães de caça, invasão de casas, expulsão de rebanhos, roubo de colheitas e incêndios criminosos auxiliam Israel … violência colonial é violência de estado”.

‘Violência colonial é violência de estado’, denuncia B’Tselem

Neste ano, a B’Tselem adotou ainda a designação de Israel como estado de apartheid, que “promove e perpetua a supremacia judaica entre o Mar Mediterrâneo e o Rio Jordão”.

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