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Jovens africanos querem que a França tire as mãos do continente, afirma ministro argelino

Jovens protestam na Argélia, em meados de 2011 [AFP/Getty images]

O Ministro de Informações da Argélia Ammar Belhimer declarou nesta quarta-feira (3), em entrevista à imprensa local, que os jovens africanos recentemente reafirmaram demandas para que a França “tire as mãos do continente” e de seus recursos.

“Os africanos, sobretudo os jovens, estão comprometidos com exigências de que a França tire as mãos do continente”, declarou o ministro argelino.

O país norte-africano e sua antiga metrópole colonial passam por um novo contexto de tensões diplomáticas, após comentários controversos, proferidos no último mês, pelo presidente francês Emmanuel Macron, descritos como “ofensa” por muitos argelinos.

A Argélia respondeu ao retirar seu embaixador de Paris e proibir aeronaves militares francesas de sobrevoar o território africano, a partir de 3 de outubro.

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Belhimer denunciou a França como potência colonial ainda em ação, dado que “continua a drenar recursos africanos”. Segundo o ministro, não apenas políticos de seu país, como também europeus, concordam que a França está expropriando as riquezas da África.

Belhimer reiterou que a postura anticolonial — em particular contra a ingerência francesa — tornou-se notória por “intervenções honestas, ousadas e indignadas dos africanos que participaram recentemente da chamada Cúpula África-França”.

Em 8 de outubro, centenas de jovens africanos reuniram-se para o evento, realizado na cidade francesa de Montpellier, com duração de um dia.

Pela primeira vez desde 1973, foi realizado o evento. No entanto, antes de ser renomeado “África-França”, nenhum chefe de estado do vasto continente foi de fato convidado.

Macron, dessa vez, convidou cerca de três mil pessoas, incluindo jovens empresários, pesquisadores, estudantes, artistas, atletas e representantes de associações africanas que reuniram-se com oficiais franceses e concidadãos na diáspora.

O evento abordou assuntos de economia, política e cultura, justamente em um momento no qual a influência francesa é contestada no continente africano. Paris promoveu o encontro como “nova fundação” para seu relacionamento com suas antigas colônias.

Segundo Belhimer, a África vivencia agora um “ressurgimento de seu nacionalismo”, o que força países ocidentais a “respeitar sua soberania” e “deixar de expropriar sua riqueza”.

“As relações presentes e futuras entre Argélia e França serão embasadas absolutamente no respeito por nossa soberania, nossa civilização e nossa identidade, além da superação francesa de um antigo complexo de potência colonial”, concluiu o ministro.

LEIA: Macron da França pede calma à Argélia

No domingo (31), mais de cem parlamentares argelinos dos mais quadros ideológicos introduziram um projeto de lei para criminalizar a colonização francesa.

A Argélia passou 132 anos sob ocupação e conquistou sua independência em 1962.

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