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Hungria exorta União Europeia a abandonar ‘precondições políticas’ sobre Egito

Primeiro-Ministro da Hungria Viktor Orbán fala com jornalistas antes de reunir-se com líderes da União Europeia em Bruxelas, Bélgica, 28 de junho de 2018 [Dursun Aydemir/Agência Anadolu]

O Primeiro-Ministro da Hungria Viktor Orbán afirmou em uma cúpula regional do chamado Grupo de Visegrado (V4), realizada nesta semana, que a União Europeia deve compreender que o Egito é seu maior e mais evidente aliado externo.

O premiê hungáro defendeu a líderes da Polônia, Eslováquia e República Tcheca que é do interesse europeu ajudar a fortalecer as defesas do país norte-africano, inclusive para controlar e monitorar fronteiras na região, reportou o jornal egípcio Al-Ahram.

O premiê eslovaco Eduard Heger concordou que o “Egito é um dos mais importantes parceiros no Oriente Médio para combater o terrorismo e a imigração”.

Orbán também exortou o bloco europeu a adotar a lista de entidades e indivíduos terroristas promulgada pelo regime do presidente e general egípcio Abdel Fattah el-Sisi, além de suspender restrições em vigor sobre o envio de itens para proteção de fronteiras.

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O Egito, no entanto, costuma indiciar ativistas de direitos humanos sob alegações de terrorismo, para mantê-los em “detenção preventiva” sem prazo definido, situação na qual são sistematicamente torturados e sujeitos a negligência médica.

Sob uma resolução que suspende acordos em caso de abusos de direitos humanos, a União Europeia decidiu obstruir até então o envio de €120 milhões ao Egito.

“Exortamos a Comissão Europeia a transferir o valor assim que possível e abandonar todas as precondições artificiais vinculadas a este apoio financeiro”, alegou Orbán.

A política de Budapeste sobre os refugiados, não obstante, é em si própria violação flagrante de convenções humanitárias, tanto em âmbito internacional quanto europeu.

Requerentes de asilo na Hungria, por exemplo, são mantidos sob segurança máxima e têm pouco acesso a comida e quase nenhum acesso a itens adicionais.

De sua parte, o presidente egípcio alega que é preciso melhorar a situação político-econômica de seu país, ao invés de se concentrar na pauta de direitos humanos.

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Sisi nega até mesmo a existência de prisioneiros políticos no Egito, apesar de evidências que estimam ao menos 65 mil dissidentes e ativistas detidos no país.

O Egito insiste ainda que sua política migratória é um dos principais pontos favoráveis à preservação de seu relacionamento com o bloco europeu, apesar de apelos internacionais por sanções decorrentes de abusos sistêmicos de direitos humanos.

Em 2018, líderes da União Europeia iniciaram um diálogo com a nação africana para reduzir o fluxo de imigrantes entre as partes. Um acordo foi então ofertado ao Cairo, na cúpula de Salzburg, em troca de maior cooperação com os estados-membros.

Neste mês de outubro, planos emergiram de uma suposta cooperação secreta entre Egito e Itália, sob a qual o governo de Sisi aceitaria receber refugiados capturados a caminho da Europa e então deportados, mediante incentivos militares.

Fontes que denunciaram o pacto observaram que a falta de condenação sobre os abusos de direitos humanos perpetrados pelo Egito decorrem das negociações.

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