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Ocupação militar de Israel precisa ter fim, caso paz e segurança sejam os objetivos

Colonos israelenses invadem o complexo da Mesquita de Al-Aqsa sob escolta de soldados da ocupação, em Jerusalém, 18 de setembro de 2018 [Waqf Islâmico de Jerusalém]

A ocupação militar israelense utiliza assassinatos, prisões arbitrárias e mudanças no status de locais islâmicos e cristãos em Jerusalém e Hebron para cumprir anseios expansionistas em nome de um suposto estado de segurança e estabilidade. No entanto, nada funciona. Fosse verdade, a única forma de conquistar paz e segurança para todos seria encerrar a ocupação colonial de Israel sobre os territórios palestinos.

A Palestina é um estado observador da Organização das Nações Unidas (ONU), conforme Resolução 67/19 de 2012 e seu compromisso para implementar a Resolução 2334 do Conselho de Segurança, além de outras decisões também relevantes. Todas demandam o fim da ocupação e esforços da comunidade internacional para assumir suas responsabilidades sobre a questão palestina. Neste contexto, uma conferência global deveria ser convocada, com a participação de entidades e países árabes e internacionais, incluindo o Quarteto para o Oriente Médio — isto é, ONU, Estados Unidos, União Europeia e Rússia. A arrogância de Israel — que enxerga-se acima das leis e resoluções internacionais — deve, portanto, ter fim.

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Dada a agressão contínua da ocupação israelense contra o povo palestino, não há caminho político senão a união palestina. É necessário trabalhar rapidamente para estabelecer um diálogo nacional entre grupos da Organização para Libertação da Palestina (OLP), a fim de reforçar sua união sob princípios democráticos, respeito ao contraditório, compromisso com liberdades civis e o estado de direito. Deve haver também um forte engajamento a um programa nacional, aprovado por sucessivas sessões do Conselho Nacional Palestino (CNP), com intuito de superar as divisões dentro do âmbito da OLP — única representante legítima do povo palestino. Além disso, o projeto nacional deve ser protegido de tentativas de liquidá-lo e fragmentá-lo, incluindo desinformação sistemática e guerra psicológica — isto é, campanhas difamatórias, rumores e distorção dos fatos.

Delegação da OLP – Cartoon [Sabaaneh/Monitor do Oriente Médio]

Delegação da OLP – Cartoon [Sabaaneh/Monitor do Oriente Médio]

Foi surpreendente, porém, o fracasso em conduzir eleições locais nas províncias meridionais, adiadas em nome de eleições legislativas que também não ocorreram. Ao pleito nacional condiciona-se a participação de todos os territórios palestinos, incluindo Jerusalém ocupada, sem quaisquer obstáculos impostos pela ocupação. É preciso, ainda assim, realizar eleições para organizações sindicais e comunitárias, em todas as províncias do norte e sul do país, para que possam assumir responsabilidades mais contundentes sobre o projeto nacional.

Sem união, a reconstrução da Faixa de Gaza parece uma prioridade distante. Aparentemente, poucos compreendem a gravidade de deixar essa questão em aberto, sobretudo o sofrimento palestino às vésperas do inverno, após suas casas e meios de subsistência serem destruídos pela recente ofensiva israelense contra o território sitiado em meados de maio. Todos precisam assumir sua parcela de responsabilidade para dar início à reconstrução e superar o cerco imposto aos nossos conterrâneos. Precisamos, não obstante, da cooperação e coordenação do Egito e países doadores para vencer a miséria e as dores em Gaza.

Além disso, é preciso apoio à investigação sobre os crimes de guerra israelenses pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), como passo decisivo em nome da justiça a todo o povo palestino. Diplomatas árabes e palestinos têm também seu papel em mobilizar a comunidade internacional a reconhecer os direitos palestinos e investir esforços para dar fim à ocupação israelense e outras medidas repressivas e discriminatórias nos territórios ocupados.

Este artigo foi publicado originalmente em árabe pela Addustour, em 4 de outubro de 2021

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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