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Grupos de direitos humanos pressionam Egito a libertar Mocha, sob risco de suicídio

Abdel Rahman Tarek, ativista conhecido como Mocha [Freemoka/Facebook]

Dez organizações de direitos humanos renovaram seus apelos ao regime egípcio de Abdel Fattah el-Sisi para libertar o ativista Abdel Rahman Tarek, conhecido como Mocha, contemplado com o Prêmio de Liberdade de Expressão do Índice contra Censura.

O prêmio é concedido a indivíduos que deixaram um impacto substancial na luta contra a censura e contra violações à liberdade de expressão.

Mocha, porém, tentou suicidar-se em agosto, após autoridades negarem visitas de seus familiares. Após o incidente, foi transferido a confinamento solitário como castigo.

Sua irmã Sarah relatou o desespero do prisioneiro político sob as péssimas condições de custódia e seu trauma psicológico decorrente da tortura.

“Mesmo seus pedidos mais simples são negados”, reiterou Sarah.

O pesquisador de direitos humanos realizou antes uma greve de fome e assegurou sua soltura, mas novas acusações foram feitas para prorrogar sua prisão.

LEIA: Pesquisador de direitos humanos é julgado no Egito por ‘espalhar fake news’

Em março de 2020, uma corte ordenou que Mocha fosse libertado desde que se apresentasse a uma delegacia periodicamente. Logo a seguir, não obstante, o ativista desapareceu na vasta rede carcerária do Egito e assim permaneceu por 50 dias.

Em abril, Mocha foi indiciado novamente por “filiar-se a um grupo terrorista”, “propagar notícias falsas” e “fazer mau uso das redes sociais”.

Mocha, que trabalhava para o Centro Nedal por Direitos e Liberdades, foi preso pela primeira vez em 2013, ao participar de um protesto contra julgamentos militares impostos à população civil, em frente ao Conselho de Shura (Senado), no Cairo.

Mocha é célebre por sua defesa da liberdade de expressão e dos direitos dos prisioneiros.

Em setembro de 2020, uma corte voltou a ordenar sua soltura, mas continuou detido sob novas acusações — estratégia adotada regularmente pelo governo egípcio para violar o limite constitucional de dois anos a detenções preventivas, isto é, sem julgamento.

“Temos certeza que Mocha ficará muito alegre e terá ao menos uma noite de felicidade”, declarou a família, ao aceitar a premiação em seu nome. “No entanto, quando acordar no dia seguinte, sentirá decepção e frustração por passar mais outro dia na cadeia”.

“Hoje tentamos ser a voz de Mocha e queremos que ouçam a sua voz, até que saía vivo de seu cárcere”, concluiu o discurso. “Liberdade para Mocha e todos os presos!”

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