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Eu e o Brasil, décimo episódio: Haitam e o sucesso da influência árabe no rap nacional

Após precisar mudar seu nome para conseguir espaço no Sertanejo, o cantor e compositor Haitam conquistou seu lugar no rap nacional, destacando suas origens árabes e islâmicas

Nascido na zona norte de São Paulo, muçulmano e de origem libanesa, Haitam Taleb Smaili estreou no rap nacional em 2018 usando, com orgulho, seu nome árabe pela primeira vez na carreira artística. O cantor e compositor mistura suas diversas influências árabes, latinas e nacionais em suas letras e melodias. Nesta semana, ele lançou seu novo clipe Arte de Quebrada, com a Best Produções.

No ano de sua estreia no rap, Haitam foi um dos escolhidos pela produtora e gravadora WRM para a gravação de um clipe de BoomBap nos alpes suíços ao lado de ADL, Pedro Qualy, Ber e Thai Flow.   Na música Zermatt, que tem quase seis milhões de visualizações no Youtube, Haitam grita seu nome e sua fé islâmica com orgulho de suas origens árabes, rimando sobre as dificuldades que encontrou até chegar alí, no pico do Cervin, na Suíça. No clipe Dás Árabia Pt. 2, seu feat com Costa Gold, lançado em 2019, o artista ironiza com bom humor os estereótipos e preconceitos sofridos pelos árabes no Ocidente, conquistando quinze milhões de visualizações apenas no Youtube.

Antes de conseguir seu lugar de destaque no rap nacional, Haitam conquistou sucesso como compositor e cantor sertanejo, mas sendo obrigado a usar um pseudônimo para ter seu espaço na arte. “Tive várias barreiras,  pelo meu nome, minha cultura, minha descendência e principalmente pela minha definição religiosa. E o que mais doeu, na época, foi quando tive que mudar meu nome. Ninguém entendeu e era minha única oportunidade”, afirma. Como Bruno Villa, ele compôs o hit Nessas Horas, de Matheus e Kauan, Diz Aí e Armadura, de Zé Neto e Cristiano, além de músicas para o grupo Pixote e a dupla Simone e Simaria.

“Pra você viver de música, não basta você amar a música, você tem que ser apaixonado, porque quando você ama, você pesa na balança o que te faz bem e o que te faz mal. E quando você é apaixonado, você é cego. Você apanha, apanha e continua lá se rendendo”, conta Haitam, que hoje grita seu nome com orgulho em todas as suas músicas, e após tantas dificuldades financeiras, conquistou sua própria produtora, a Diamond Music.

“Eu perdi muitos laços, de amigos e familiares, por conta da música, mas hoje – Graças a Deus – consegui provar a mim mesmo que posso viver disso, de uma forma honesta, justa, dentro dos meus princípios, dentro da minha religião, da minha cultura”.

No décimo episódio da série documental “Eu e o Brasil”, Haitam conta sua história e de sua família – oriunda de Ghazzi, no Vale do Bekaa, Líbano -, apresentando como suas raízes árabes, o islâmismo e, especialmente, sua mãe dona Leila moldaram a sua arte, personalidade e caráter.  O episódio contando a história de Haitam será lançado no próximo sábado (25), às 19h, pelos canais do Monitor do Oriente Médio.

ASSISTA: Eu e o Brasil, segundo episódio: a luta do jovem sírio que fundou o “Centro da língua árabe”

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