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Irmandade Muçulmana dispõe-se ao diálogo com Sisi sem precondições

Sede da Irmandade Muçulmana após um incêndio criminoso, no Cairo, capital do Egito, 1° de julho de 2013 [KHALED DESOUKI/AFP/Getty Images]

Yousef Nada, líder veterano da Irmandade Muçulmana, afirmou nesta terça-feira (14), em resposta a comentários do presidente egípcio Abdel Fattah el-Sisi, que suas portas estão abertas ao diálogo, sem condições previamente estabelecidas.

As informações são da agência Anadolu.

“Nos últimos 90 ou cem anos, o movimento imbuiu-se de certa ideologia”, alegou Sisi durante o lançamento da chamada Estratégia Nacional para Direitos Humanos, em referência ao “islamismo político” característico do movimento com raízes em 1928.

“Não tenho divergências sobre isso, mas é preciso respeitar meu caminho e não me atacar”, prosseguiu o general. “Aceitarei sua ideologia, mas não sob imposição ou pressão para fazê-lo. Não falo por mim, falo em nome do povo egípcio!”

Em resposta, reafirmou Nada: “O mundo inteiro sabe que a Irmandade não impôs sua ideologia a ninguém nos últimos 90 anos”. Ao contrário, insistiu o político, sua ideologia nasceu meramente da vontade comum de servir à pátria.

“Abrir um diálogo com a presidência do atual regime egípcio requer apenas o fim do sofrimento aos homens e mulheres aprisionados e a dor de suas famílias”, acrescentou.

Apesar de múltiplas evidências, autoridades egípcias negam a existência de presos políticos, ao afirmar que todos em custódia foram submetidos ao processo legal. O regime repudia ainda críticas de organizações de direitos humanos sobre a questão.

“Que o início dos trabalhos da nova estratégia nacional [de direitos humanos] seja a implementação do Artigo 241 da Constituição”, argumentou Nada. “Isto é … a Câmara dos Representantes compromete-se com justiça de transição para garantir a verdade, responsabilidade, reconciliação e indenização às vítimas, conforme padrões internacionais”.

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“Nosso país é muito querido a todos nós”, enfatizou Nada. “Aprendemos com a prática política que estabelecer precondições prejudica o diálogo, então devo dizer que nossas portas estão abertas … e quem sabe Allah nos ajude a seguir”.

Sisi depôs Mohamed Morsi — primeiro presidente eleito democraticamente no Egito, ligado à Irmandade Muçulmana — via golpe de estado em meados de 2013.

A seguir, o regime de Sisi criminalizou o movimento, ao designá-lo “grupo terrorista” e aprisionar diversos líderes e partidários. Alguns dos membros faleceram na prisão devido às péssimas condições e falta de tratamento médico adequado.

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