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Celso Amorim sobre desfile militar de Bolsonaro: “Só pode ser visto como ameaça”

Celso Amorim, ex-chanceler brasileiro[wikimedia]
Celso Amorim, ex-chanceler brasileiro [wikimedia]

O ex-ministro da Defesa, Celso Amorim, comentou durante entrevista ao programa Fórum Onze e Meia, nesta terça-feira (10), sobre o desfile militar promovido pelo governo de Jair Bolsonaro (Sem Partido) na Esplanada dos Ministérios. Para ele, “é inconveniente. Tanque na rua não é coisa boa. Só no sete de setembro e mesmo assim tem gente que reclama”.

“É inconveniente. É muito inconveniente, muito impróprio pra uma democracia. Tanque na rua não é coisa boa. Só no sete de setembro e mesmo assim tem gente que reclama que estraga o asfalto”, afirmou.

Amorim lembra que “a própria demonstração de força já é considerada uma ação militar. A carta da ONU quando elenca as possibilidades de ação militar diz isso. A demonstração de força dentro de uma situação de tensão é uma ação militar”. Ele afirma que “aqui no Brasil, a gente tem uma crise entre os poderes, diferenças muito marcadas e quando o governo coloca os tanques nas ruas é como se estivesse demarcando: ‘olha, nós aqui temos essa força. Vocês como é que são? Mostrem aí os seus blindados’. Nós não temos. Nem o Legislativo nem o Judiciário. É muito grave como sinalização, isso nunca aconteceu desde 1988”.

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Para o ex-Chanceler, “o problema de lidar com Bolsonaro é que ele é sempre meio ambíguo, é difícil você distinguir o que é teatro do que é realidade, do que é pra valer. Mas isso deve ser discutido, pois é preocupante”.

“É como ficar mostrando arminhas, só que dessa vez as arminhas são tanques das Forças Armadas brasileiras. E isso é muito ruim pras próprias Forças Armadas. A missão delas é defender o país, é pra poder se defender de forças estrangeiras. E a passagem dos blindados em frente ao Palácio do Planalto em um dia de tensão, em que vai haver uma votação que provavelmente será contra aquilo que o presidente tem defendido insistentemente, só pode ser vista como uma ameaça”, encerrou.

Publicado originalmente na Revista Fórum

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