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Argélia exige que Rabat esclareça as declarações da ONU sobre o direito do povo Kabyle à autodeterminação

As bandeiras da Argélia (E) e do Marrocos tremulam em Argel, na Argélia, em 24 de Janeiro de 2012 [Farouk Batiche/AFP/Getty Images]

A Argélia condenou veementemente na sexta-feira o que descreveu como um “desvio grave” cometido pela missão diplomática marroquina junto às Nações Unidas (ONU), após ter emitido um memorando oficial no qual Marrocos declarou expressamente o seu apoio ao “direito do povo Kabyle à autodeterminação”.

Na quinta-feira, os meios de comunicação marroquinos noticiaram que o Embaixador do país na ONU, Omar Hilal, apelou à “independência do povo Kabyle” na Argélia.

O apelo de Hilal surgiu após o ministro das relações exteriores argelino, Ramtane Lamamra, anunciar o seu apoio ao direito à autodeterminação da população do Sahara Ocidental, que Marrocos e a Frente Polisario têm tentado controlar desde 1975.

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Em resposta, a declaração do Ministério das Relações Exteriores anunciou: “A representação diplomática marroquina em Nova Iorque entregou um memorando oficial a todos os Estados membros do Movimento dos Não-Alinhados, cujo conteúdo é oficialmente dedicado a demonstrar o envolvimento do Reino do Marrocos numa campanha anti-Argélia através do apoio público e explícito ao direito de alegada autodeterminação do povo Kabyle” que, segundo o memorando, “sofreu o mais longo estado de ocupação estrangeira”.

A declaração considerou este memorando como sendo: “um reconhecimento do multifacetado apoio marroquino atualmente prestado a um conhecido grupo terrorista”, referindo-se ao Movimento Separatista para a Autodeterminação da Cabília (MAK), que a Argélia designou recentemente como grupo terrorista, juntamente com o Movimento Rachad.

A declaração salientava que o atual apoio de Marrocos ao MAK não é diferente de: “apoiar os terroristas que derramaram sangue dos argelinos na Década Negra”.

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A Argélia descreveu a declaração diplomática marroquina como: “sem escrúpulos, irresponsáveis e manipuladores”. Sublinhou que se tratava de: “parte de uma tentativa míope, redutora e fútil destinada a criar uma confusão vergonhosa entre a questão da descolonização reconhecida como tal pela comunidade internacional e o que é uma mera conspiração arquitetada contra a unidade da nação argelina”.

A Argélia considerou também que a declaração marroquina: “contradiz diretamente os princípios e acordos que estruturam e inspiram as relações Argélia-Marrocos, além de contradizer flagrantemente o direito internacional e o direito constitutivo da União Africana”, assim como condenou veementemente o que descreveu como: “um grave desvio, incluindo o interior do Reino de Marrocos e dentro das suas fronteiras internacionalmente reconhecidas”.

A declaração do Ministério das Relações Exteriores argelino concluiu dizendo que à luz desta situação resultante de um ato diplomático duvidoso levado a cabo por um embaixador, a Argélia, que é uma república soberana e indivisível, tem o direito de receber esclarecimentos sobre a posição final do Reino do Marrocos relativo a este incidente extremamente perigoso.

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