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‘Não esperamos solução do Conselho de Segurança sobre a represa’, afirma Egito

Obras da Grande Represa do Renascimento, na região de Benishangul-Gumuz, Etiópia, 21 de maio de 2019 [Zacharias Abubeker/Bloomberg via Getty Images]

Mohamed Idris, representante permanente do Egito nas Nações Unidas, afirmou que seu país não espera qualquer solução do Conselho de Segurança sobre a Grande Represa do Renascimento, projeto bilionário da Etiópia na bacia hidrográfica do Nilo.

Idris argumentou que o órgão internacional não se propôs a solucionar qualquer questão submetida pelo país, até então.

Em entrevista à DMC TV, o diplomata afirmou: “O Egito abordou o Conselho de Segurança sobre três pontos críticos, isto é, evacuação, terras pós-1967 e então a Represa do Renascimento … mas não ajudou a solucionar nenhum dos problemas”.

“Caso o conselho fosse a solução, então porque não recorremos a ele dez anos atrás?”, prosseguiu Idris. “Evidente, pois sabemos que o conselho não é a solução e sim parte do caminho que tomamos por negociações há muito tempo, sem qualquer acordo”.

“A decisão do Egito de ir ao Conselho de Segurança pretendia esclarecer que as medidas tomadas pela União Africana não obtiveram êxito, após um ano de diálogo”, reiterou.

Segundo o embaixador egípcio, destacar a questão ao órgão deveria aumentar o nível de compromisso dos estados-membros.

Na última semana, o Conselho de Segurança expressou seu apoio aos esforços de mediação da União Africana sobre a questão, em busca de uma solução comum a Etiópia, Egito e Sudão, e reafirmou seu apelo às partes para retomar as negociações.

A Etiópia avança com a construção de sua barragem estimada em US$5 bilhões, perto da fronteira com o Sudão, sob pretexto de recuperação econômica de toda a região.

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O Egito depende quase inteiramente dos recursos do Nilo, ao receber cerca de 55.5 milhões de metros cúbicos de água por ano, e crê que as operações da represa afetarão seus recursos destinados a consumo, agricultura e geração de eletricidade.

O governo egípcio quer garantias de que receberá 40 bilhões de metros cúbicos ou mais de águas do Nilo. O Ministro de Irrigação da Etiópia Seleshi Bekele afirmou que o Cairo abandonou a demanda, mas foi desmentido em comunicado oficial.

Há ainda a questão não resolvida sobre a velocidade com que a barragem será preenchida. O Egito teme impacto na geração de energia de sua Represa Alta de Assuã.

Neste mês, o governo etíope informou os países a jusante — Egito e Sudão — sobre o início da segunda fase do preenchimento da represa, para aproveitar a temporada de chuvas.

O regime egípcio reagiu com veemência: “Addis Ababa viola as leis e normas internacionais e trata o rio Nilo como sua propriedade”.

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