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90% dos crimes de ódio antipalestinos são descartados por Israel

Padre Antonio Scudu, responsável pela Igreja de Santo Estevão no monastério de Beit Jamal, em um cemitério vandalizado perto de Beit Shemesh, a oeste de Jerusalém ocupada, 18 de outubro de 2018 [Menahem Kahana/AFP via Getty Images]

Israel fechou nove de dez investigações sobre crimes de ódio contra a população árabe, entre 2018 e 2020, ao alegar não ser possível localizar os suspeitos.

Os casos em questão abrangem a vandalização de ao menos dez mesquitas e igrejas na Cisjordânia ocupada e no território considerado Israel — isto é, capturado durante a Nakba ou catástrofe, via limpeza étnica, em 1948.

A Promotoria Pública de Israel ainda tem de emitir sua decisão sobre o décimo caso.

O cemitério cristão do monastério de Beit Jamal, perto da aldeia de Beit Shemesh, a oeste de Jerusalém ocupada, enfrentou quatro ataques de vândalos entre 2013 e 2018.

Em outubro de 2018, os monges encontraram cerca de trinta lápides destruídas. Dois anos antes, agressores profanaram o tempo e depredaram estátuas. Em 2013, uma bomba incendiária foi lançada na igreja e mensagens de ódio foram pichadas nas paredes.

Uma moção por informações públicas, registrada por Tal Lieblich, da firma de advocacia Lieblich-Moser, concedeu ao jornal israelense Haaretz detalhes sobre os ataques. Apesar de acatar parcialmente a decisão, a polícia deixou de incluir o último caso, ainda em aberto.

Embora sejam investigações de interesse público, já reportadas pela imprensa, a polícia insistiu em não divulgar também elementos específicos.

Entre os crimes de ódio no período de dois anos — entre 2018 e 2020 —, estão a destruição do cemitério de Beit Jamal, a vandalização de uma mesquita na aldeia de Jish e danos causados a dezenas de carros por toda a região.

Não obstante, a organização de direitos humanos Yesh Din contestou legalmente três casos fechados pela polícia de ataques contra edifícios religiosos na Cisjordânia ocupada.

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Uma das agressões coloniais ocorreu em 2019, quando uma mesquita foi danificada na aldeia de Deir Dibwan. As ruínas foram então pichadas com slogans nacionalistas israelenses, como “Am Yisrael Chai” — “O povo de Israel vive”.

Apenas dois meses depois, o caso foi encerrado sob pretexto de que as autoridades não conseguiram identificar os criminosos.

Na aldeia de Aqraba, em 2018, colonos não apenas picharam uma mesquita como atearam fogo no local. A face dos agressores foi registrada por câmeras de vigilância, mas o processo foi arquivado após dois anos, em junho de 2020.

À medida que tais crimes de ódio avançam ao longo dos anos, a polícia israelense consistentemente obstrui a identificação dos perpetradores, isto é, extremistas judeus.

Dados concedidos pela organização Yesh Din — que referem-se somente a ataques na Cisjordânia ocupada — demonstraram que ao menos 82% dos crimes de ódio contra os palestinos que ocorreram entre 2005 e 2019 foram fechados sem justiça.

Nesta semana, o juiz distrital Anat Singer permitiu à polícia que não revelasse informações sobre o último caso, enquanto aguarda uma decisão final da Promotoria Pública.

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