clear

Criando novas perspectivas desde 2019

Ministro da Irrigação do Egito acusa a Etiópia de estragar os postos de bebida do Sudão

12 de junho de 2021, às 13h37

Uma visão geral da Grande Barragem da Renascença Etíope, em 26 de dezembro de 2019 [Eduardo Soteras/AFP/Getty Images]

O ministro de Recursos Hídricos e Irrigação do Egito, Mohamed Abdel Aty, anunciou na sexta-feira que a Etiópia estragou as estações de bebida no Sudão ao liberar águas lamacentas sem informar os países a jusante.

Isso aconteceu durante uma reunião entre Abdel Aty e Ayman Aqil, presidente da Fundação Maat para a Paz, Desenvolvimento e Direitos Humanos, junto com representantes da iniciativa africana Nilo pela Paz, informou o jornal estatal Al-Ahram.

As declarações do ministro egípcio vêm à luz de anos de coordenação de alto nível entre Cairo e Cartum na questão da Barragem Renascentista, por um lado, e negociações com Adis Abeba sobre o arquivo, por outro.

Abdel Aty explicou: “O lado etíope liberou grandes quantidades de água lamacenta em novembro passado sem informar os países a jusante, o que causou um aumento de lama nas estações de água potável no Sudão”.

Ele acrescentou: “A implementação do primeiro enchimento da Barragem da Renascença pela Etiópia sem coordenação com os dois países a jusante fez com que o Sudão sofresse uma seca severa, seguida por inundações massivas”.

LEIA: Delegação oficial da Bélgica é enviada para repatriar filhos de mulheres jihadistas na Síria

O ministro egípcio acrescentou que seu país e o Sudão “não aceitarão nenhuma ação unilateral para encher e operar a barragem etíope”, segundo a mesma fonte.

Na quarta-feira, Sudão e Egito enfatizaram em um comunicado conjunto a importância de coordenar esforços em nível internacional e regional para pressionar a Etiópia a manter conversações sérias sobre o arquivo da Barragem Renascentista, visto que as negociações estavam paralisadas por meses.

A Etiópia responsabiliza Cairo e Cartum por “obstruir as negociações” e indicou que o objetivo da construção da barragem não é prejudicar os dois países a jusante, mas sim gerar eletricidade para fins de desenvolvimento.

Addis Abeba insiste em prosseguir com um segundo enchimento da barragem, que aconteceria em julho e agosto próximos, cerca de um ano após o primeiro enchimento, embora não tenha havido acordo com o país em questão sobre esta etapa.

Enquanto isso, Cairo e Cartum exigem que primeiro cheguem a um acordo tripartido para preservar suas instalações de água e garantir sua parcela anual da água do Nilo.

LEIA: Egito prende diplomata que criticou o manejo da barragem da Etiópia