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EUA ameaçam rescindir acordo com os Emirados caso não removam a chinesa Huawei de suas redes

Jato de caça F-35 Lightning, em 01 de março de 2019 [Recepção Şakar/ Agência Anadolu]

Os Emirados Árabes Unidos foram pressionados pela administração Biden para remover o equipamento Huawei da China de suas redes dentro dos próximos quatro anos ou arriscar a rescisão se seu acordo com Washington para comprar jatos F-35 e drones; uma das principais razões pelas quais o estado do Golfo normalizou os laços com Israel no ano passado.

Os EUA exigiram que o equipamento Huawei fosse retirado nos próximos quatro anos antes da entrega programada dos caças F-35 em 2026 ou 2027. É alegado que a Huawei, a maior empresa tecnológica da China que fornece a infraestrutura para o sistema de telecomunicações 5G, é utilizada para espionagem em nome do partido comunista. A China negou esta alegação.

Embora os oficiais dos Emirados não tenham recusado o pedido, eles disseram que precisariam de mais tempo para encontrar uma alternativa viável, de acordo com três pessoas citadas na Bloomberg que falaram sob a condição de anonimato.

Esta é a segunda ameaça deste tipo. No mês passado, houve relatos de que a venda multimilionária de aviões de caça estava em perigo devido à cooperação de segurança entre Pequim e os Emirados Árabes Unidos. Na ocasião, não houve nenhuma menção a Huawei.

A disputa sobre Huawei remonta à era Trump. Apesar de ser pressionado a reverter seu acordo com a China pela administração do ex-presidente Donald Trump, que na época estava desesperado para conseguir os chamados “Acordos de Abraão”, a Abu Dhabi foi prometida a venda do F-35.

LEIA: Embaixador dos Emirados no EUA se diz confiante de que a venda dos jatos F-35 será concretizada

O Presidente Biden, entretanto, anunciou uma revisão dessa venda e existe a possibilidade de que os Emirados não consigam colocar suas mãos no cobiçado F-35, de acordo com pessoas familiarizadas com o acordo.

Os Emirados se encontram agora na difícil posição de equilibrar os interesses de dois grandes aliados. Em uma clara indicação de que a China não aceitará a pressão americana passivamente, o Ministério das Relações Exteriores do país diz em uma declaração: “compartilhamos a opinião de que a cooperação China-EAU serve aos interesses comuns de ambos os lados e beneficia os dois povos” e que “ela não tem nada a ver e não tolera interferências de terceiros”.

Embora a relação de Abu Dhabi com Washington seja considerada mais profunda do que a de Pequim, a China foi o principal parceiro comercial dos Emirados Árabes Unidos com 53,67 bilhões de dólares em comércio total no ano passado, mais do dobro do que tinha com os EUA.

Se os Emirados Árabes Unidos não conseguirem fazer malabarismos com suas relações, enfrentarão uma situação de perda e o potencial de não conseguir obter os caças F-35, que foram uma das principais razões para normalizar os laços com Israel.

Como noticiado em Haaretz, apesar das inúmeras negações israelenses, o ex-secretário de Estado americano Mike Pompeo disse esta semana que a venda dos aviões de caça avançados aos Emirados Árabes Unidos desempenhou um papel “crítico” para convencer o estado do Golfo a estabelecer relações diplomáticas com Israel.

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