Na Jordânia, a renúncia do parlamentar al-Ajarmah evidencia os problemas do governo

Osama al-Ajarmah [Safaa_qaoud / twitter]

O parlamentar Osama al-Ajarmah renunciou na Jordânia, após uma grande polêmica devido às suas duras críticas ao Parlamento jordaniano e ao governo pela falta de uma resposta clara quando a eletricidade foi cortada em todas as cidades e vilas do Reino em 21 de maio.

Durante a agressão israelense a Gaza e as violações sionistas em Jerusalém, o povo jordaniano – como tantos outros – tentou se mobilizar e apoiar os palestinos com manifestações em frente à embaixada de Israel na capital jordaniana, Amã, e marchas na fronteira com a Palestina contra a agressão brutal à sitiada Faixa de Gaza. A Jordânia tem a maior faixa de fronteira com a Palestina ocupada, 400 km.

Na sexta-feira, um comboio de carros partiu de três pontos centrais do país em direção ao norte do Vale do Jordão, adjacente à fronteira com a Palestina ocupada. Este evento não foi organizado por partidos, instituições ou sindicatos; mas por jovens ativistas nas redes sociais, assim como outras grandes manifestações anteriores.

Após o sucesso da carreata, seus organizadores convocaram uma marcha a pé perto da fronteira com a Palestina ocupada, em 21 de maio, após a vitória da resistência. Nesse dia, o fornecimento de energia elétrica foi cortado em todas as aldeias, cidades e províncias do Reino.

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O membro do parlamento Al-Ajarmeh questionou o motivo do corte de energia de maneira legítima durante uma sessão parlamentar e sem uma resposta clara, perguntou se a queda de energia havia sido deliberada com o objetivo de interromper a manifestação em solidariedade à Palestina.

O presidente do parlamento, Abdel Moneim Al-Awdat, considerou que a questão violava o sistema interno, por estar fora da pauta da sessão. Al-Ajmarmeh se irritou e respondeu que pouco importava o parlamento e o sistema interno.  Em uma sessão de emergência, os representantes jordanianos votaram em congelar a adesão de Al-Ajarmeh por um ano completo com a suspensão do salário.

Todos têm o direito de discordar do deputado ao expressar sua opinião, mas o problema não está na expressão usada por Al-Ajarmeh. O problema é que o estado não entende o que o espera, só tenta aumentar os impostos e suprimir as liberdades sem dar atenção ao que se passa a oeste do rio.

O movimento sionista extremista liderado por Netanyahu não desiste da ocupação, e mais cedo ou mais tarde, as pesssoas e instituições da Jordânia devem ser como uma liderança em um confronto com Israel. Então, deve se preparar para isso em vez de se voltar para questões simbólicas, sem uma preocupação nacional e social.

Goste ou não, a Jordânia enfrentará Israel e deve trabalhar para fortalecer suas instituições e estabelecer modelos de democracia. É importante que as pessoas tenham mais liberdades, em todos os sentidos.

Ontem, o deputado Al-Ajarmeh anunciou sua renúncia à Câmara dos Deputados durante uma entrevista, afirmando que o estado visa os grupos jordanianos contrários ao acordo do século.

Hassan Barari Ajarmeh informou:

Sempre alertamos para o grande dano resultante de ignorar a construção de uma identidade nacional inclusiva, porque o regime governante na Jordânia ainda está preso à frase de Shakespeare “pesada é a cabeça que carrega uma coroa”. O regime continua cativo de um jogo clássico baseado em alimentar as contradições da sociedade e transformá-las em mecanismo de progresso na escada política, o que faz com que o sistema de cotas se transforme em uma doutrina política, na qual o regime se apoia no jogo da sobrevivência. Parece que o regime ainda não atingiu o estágio de autoconfiança para permitir a formação de coalizões políticas que vão além do que Amin Maalouf chamou de identidades assassinas.

No final das contas, o problema não é com Osama al-Ajarmeh, ou o que ele diz. O problema é que precisamos restaurar a consciência nacional para acompanhar o que está sendo vivenciado nos eventos internos e externos, de acordo com o sistema que o estado defende tudo, respeito pelo cidadão e dando-lhe mais liberdades.

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As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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