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Sul-sudaneses sobrevivem com folhas de árvore

Crianças coletam grãos em um campo, 6 de fevereiro de 2020 [Tony Karumba/AFP via Getty Images]
Crianças coletam grãos em um campo, 6 de fevereiro de 2020 [Tony Karumba/AFP via Getty Images]

Sem nenhuma ajuda alimentar no horizonte, Ayen Madit, cidadã sul-sudanesa de 40 anos de idade e mãe de sete filhos, sobrevive com folhas de árvores e frutos que coleta, à medida que a crise humanitária se aprofunda na região de Bahr el Ghazal do Norte.

As Nações Unidas recentemente alertaram que 7.24 milhões de sul-sudaneses vivem à margem de uma catástrofe alimentar, agravada por enchentes, conflitos e covid-19.

Além disso, em abril, o Programa Alimentar Mundial (PAM) cortou o envio de suprimentos humanitários à região em 50%, afetando 700 mil refugiados e deslocados internos, no Sudão do Sul, país com uma das menores médias de idade do mundo.

Segundo Madit, residente de Araith Payam no condado de Aweil-Norte, seus vizinhos e familiares comem folhas que coletam ao cair das árvores, à medida que não há alternativa de subsistência ou suporte efetivo para enfrentar a fome.

Um grupo de mulheres vasculha a mata entre as 8 horas da manhã e 15 horas da tarde.

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“Vamos em grupos procurar folhas de árvores e frutos selvagens, mas temos de deixar nossos filhos em casa, sem nada para comer de manhã”, relatou Madit à agência Anadolu. “Só conseguem comer à noite, quando voltamos da mata”.

Bahr el Ghazal do Norte é uma das poucas áreas ainda poupadas da guerra civil no país, que eclodiu em dezembro de 2013.

“Sacrificamos nossas vidas por nossas crianças, para que possam comer”, prosseguiu Madit. “Não há comida suficiente. Algumas crianças têm diarreia por causa das folhas”.

Muitas crianças hesitam em comer as folhas devido ao forte sabor amargo, o que agrava a situação de fome na comunidade.

Madit exortou o governo sul-sudanês e agências humanitárias a socorrer seus cidadãos do colapso alimentar e ampliar programas assistenciais.

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