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Soldado alemão que se passou por refugiado e planejou atentados vai a julgamento

Ministro de Relações Exteriores da Alemanha Heiko Maas em Berlim, 17 de dezembro de 2020 [Michael Sohn/Agência Anadolu]
Ministro de Relações Exteriores da Alemanha Heiko Maas em Berlim, 17 de dezembro de 2020 [Michael Sohn/Agência Anadolu]

Um soldado alemão é acusado de planejar uma série de ataques terroristas contra políticos de alto escalão enquanto fazia-se passar por um refugiado sírio, na tentativa de incriminar a comunidade árabe na diáspora em toda a Europa.

Em julgamento na cidade de Frankfurt, a promotoria observou ontem (20) que o tenente Franco Albrecht, de 32 anos, contrabandeou armas e explosivos do exército alemão, antes de ser preso em 2017, com planos para executar um “ato grave de violência contra o estado”.

Os atentados que Albrecht pretendia realizar tinham como alvo, entre outros, o então Ministro da Justiça e atual Ministro de Relações Exteriores Heiko Maas.

Entretanto, os assassinatos foram efetivamente frustrados quando Albrecht foi preso no Aeroporto Internacional de Viena, em 2017, ao tentar reaver uma pistola do período nazista que escondeu em um banheiro local.

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Alemão por parte de mãe e italiano por parte de pai, Albrecht também passou-se por refugiado sírio e tentou obter residência europeia como tal, com o intuito de “redirecionar suspeita a requerentes de asilo na Alemanha nas investigações subsequentes”.

Seu disfarce obteve êxito, apesar de não falar árabe: o tenente alemão conseguiu abrigo e pensão assistencial de €409 (US$499) por mês. Então retornou a seu quartel na cidade de Illkirch, na fronteira com a França, sem levantar suspeitas.

Sua vida dupla foi descoberta apenas quando detido, à medida que sua impressão digital correspondeu a ambas as identidades.

Os planos de Albrecht, segundo a promotoria, são fruto de “pontos de vista de extrema direita”, que abrangem ódio contra judeus e muçulmanos e uma crença distorcida de que a presença dos refugiados representa uma forma de genocídio contra europeus.

A motivação de seus crimes foi embasada por materiais descobertos em sua posse, como memorabília nazista e edições do Mein Kampf de Adolf Hitler.

Entretanto, o advogado de Albrecht negou os planos terroristas e sua ideologia extrema.

A defesa justificou a falsidade ideológica pelo suposto intuito de “denunciar falhas de segurança no sistema de imigração” e alegou que as armas contrabandeadas eram destinadas apenas à “proteção de sua família em caso de emergência”.

O julgamento deve durar até agosto. Albrecht deve ser condenado a dez anos de prisão.

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