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Mãe de egípcio detido por apoio à Palestina é forçada a escrever post pró-regime

Omar Morsi [Abdelrahman el-Gendy/Twitter]

A polícia egípcia ameaçou a mãe de Omar Morsi — jovem de 23 anos preso na última sexta-feira (14) após manifestar-se com uma bandeira palestina na praça Tahrir — para coagí-la e a escrever uma postagem pró-regime nas redes sociais.

“Eles a forçaram a escrever no Facebook de que ela e seu filho respeitam imensamente [Abdel Fattah] el-Sisi”, relatou o ativista de direitos humanos Hisham Mahmoud.

O desaparecimento de Omar por três dias, após sua prisão, incitou receios sobre sua saúde.

Apesar de sucessivas cirurgias, Omar sofre de paralisia parcial devido a um ferimento à bala sofrido ao longo da revolução de 2011, que depôs o longevo ditador Hosni Mubarak.

Sua mãe, amigos e ativistas de direitos humanos divulgaram online a prisão de Omar.

Omar foi libertado na terça-feira (18).

Segundo Mahmoud, a família é crítica notória do regime do presidente e general el-Sisi.

LEIA: O Egito nunca será um mediador honesto para a Palestina até que as coisas mudem no país

“Omar teve sorte de ser solto”, enfatizou Mahmoud. “Porém, milhares de prisioneiros políticos não tiveram tanta sorte”.

Há cerca de 60 mil presos políticos hoje no Egito, sob tortura sistemática, além de um número alarmante de penas de morte.

Apesar da retórica de apoio ao povo palestino — sob violência colonial em Jerusalém e Cisjordânia ocupada e bombardeios de Israel em Gaza —, o regime egípcio mantém uma forte repressão contra atos de solidariedade palestina no país.

Uma jornalista foi presa por carregar uma bandeira palestina e o lenço tradicional (keffiyeh), liberada algumas horas depois.

Autoridades egípcias também prenderam um médico que voluntariou-se para ajudar feridos em Gaza, acusado de supostamente revelar segredos militares por meio de um tuíte sobre sua viagem ao Sinai do Norte — onde el-Sisi trava uma violenta “guerra ao terror”.

No domingo (16), Hossam el-Din Shaaban reportou no Twitter que nenhum ferido pôde passar pela travessia de Rafah, entre Egito e Gaza.

O Cairo prometeu ainda assistência médica, preparou hospitais e transportou profissionais de saúde à região de fronteira. Entretanto, até terça-feira, nenhum dos mil médicos em campo atravessou a fronteira ao território palestino sitiado.

Mais de 1.700 pessoas foram feridas pelos ataques aéreos israelenses; apenas quinze foram transferidos a hospitais no Sinai do Norte.

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