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Anistia Internacional pede fim imediato da ajuda militar dos EUA à Colômbia

Manifestação do Paro Nacional na Colômbia, em Medellín, 28 de abril de 2021 [Oxi.Ap/Flickr]
Manifestação do Paro Nacional na Colômbia, em Medellín, 28 de abril de 2021 [Oxi.Ap/Flickr]

A organização de direitos humanos Anistia Internacional fez um apelo urgente para que os Estados Unidos parassem imediatamente de fornecer armas, veículos, munições ou tecnologias que estão sendo usados contra manifestantes na Colômbia.

Em declaração divulgada esta quinta-feira (20), a Anistia Internacional afirma que tem provas visuais de que “as armas e equipamentos dos Estados Unidos estão sendo mal utilizados para cometer violações de direitos humanos contra manifestantes na Colômbia”. A organização apela para o Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, “para cessar imediatamente o fornecimento, venda ou transferência direta ou indireta de equipamentos utilizados para repressão, tais como armas pequenas, espingardas e munições relacionadas; equipamentos menos letais, tais como gás lacrimogêneo, projéteis de controle de motins e lançadores; veículos blindados, tecnologias de vigilância de uso duplo, treinamento e qualquer outra assistência técnica ou financeira”.

“O papel dos Estados Unidos na alimentação de incessantes ciclos de violência cometidos contra o povo da Colômbia é ultrajante”, disse Philippe Nassif, diretor de defesa da Anistia Internacional dos EUA. “O governo dos Estados Unidos foi uma parte agonizante dos assassinatos, desaparecimentos, violência sexual e outras torturas, e horrenda repressão de dezenas de manifestações em sua maioria pacíficas”.

“A suspensão das armas deve permanecer em vigor até que as forças de segurança colombianas cumpram plenamente as leis e normas internacionais sobre o uso da força, os abusos sejam investigados de forma independente e imparcial e haja total responsabilidade por todas as violações dos direitos humanos que tenham sido cometidas pelas autoridades colombianas, com o apoio dos Estados Unidos. O Secretário Blinken tem o poder de deter o medo e o terror que os manifestantes colombianos estão suportando, e deve fazê-lo imediatamente”.

LEIA: As armas do Estado medem forças com o povo na Colômbia

Os conflitos começaram na Colômbia no dia 28 de abril, com uma grande greve nacional em rejeição às políticas neoliberais de Ivan Duque, e tem continuado com múltiplas manifestações que estão sendo brutalmente reprimidas pelo esquadrão militar e o Esquadrão Móvel Antidistúrbios (ESMAD)

Segundo o comunicado, a Anistia Internacional verificou que granadas fabricadas pela empresa americana Combined Systens foram utilizadas para reprimir os protestos. Os Estados Unidos são historicamente um dos principais fornecedores de armas policiais e outros equipamentos para a Colômbia e há relatos de novas ordens de compra de equipamentos dos Estados Unidos desde o início de 2021.

Várias cidades da Colômbia registraram novas repressões às manifestações na noite de ontem (19), no 23º dia de mobilizações sociais. Segundo o TeleSurTV, vários manifestantes ficaram feridos na cidade de Popayan.

Na cidade de Bucaramanga, Santander, estudantes da Universidade Industrial disseram que dois tanques da Polícia Nacional invadiram o campus universitário. Eles solicitaram a criação de um corredor humanitário para transferir os feridos. E denunciaram o uso excessivo de força.

Em Bogotá, relataram ataques da ESMAD contra os civis que protestavam no Portal das Américas. Também foi relatado violência na cidade de Pasto, em Nariño, e na cidade de Medellín, onde dezenas ficaram feridas.

Segundo dados do Indepaz e da ong Temblores, entre o dia 28 de abril e 29 de maio, 51 pessoas foram assassinadas no âmbito das manifestações para a greve nacional, destas 43 teriam sido mortas supostamente pela Força Pública. Foram registrados 18 vítimas de violência sexual por membros das forças públicas e 2387 casos de violência policial.

LEIA: Colômbia convoca nova paralisação nacional

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