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Aliado de ex-ditador do Sudão escolhe Haia a corte em Darfur

Ahmet Ali (à esquerda), juiz responsável pelo processo criminal contra o ex-ditador sudanês Omar al-Bashir e aliados, devido ao golpe militar de 1989 e crimes de lesa-humanidade, em Cartum, capital do Sudão, 19 de janeiro de 2021 [Mahmoud Hjaj/Agência Anadolu]
Ahmet Ali (à esquerda), juiz responsável pelo processo criminal contra o ex-ditador sudanês Omar al-Bashir e aliados, devido ao golpe militar de 1989 e crimes de lesa-humanidade, em Cartum, capital do Sudão, 19 de janeiro de 2021 [Mahmoud Hjaj/Agência Anadolu]

Ahmed Haroun, ex-Ministro do Interior do Sudão e aliado próximo do presidente deposto Omar al-Bashir, anunciou na terça-feira (4) preferir comparecer ao Tribunal Penal Internacional (TPI) em Haia, Holanda, do que ser julgado em seu país.

Haia emitiu mandados de prisão contra Bashir, Haroun, o ex-Ministro da Defesa Abdel Rahim Hussein e Ali Kushayb, líder da milícia Janjaweed, entre 2007 e 2012, sob acusações de genocídio, crimes de guerra e lesa-humanidade na região ocidental de Darfur.

Em nota, Haroun alegou que a atual autoridade sudanesa não será capaz ou sequer estará disposta em obter justiça, segundo informações do jornal al-Sudani.

Desde 21 de agosto de 2019, o Sudão passa por uma longa transição de governo, período no qual o poder será compartilhado entre o exército, forças da sociedade civil e movimentos armados, conforme acordo de paz assinado na capital Cartum, em 3 de outubro.

O processo deverá culminar em eleições gerais no início de 2024.

“Seguramente declaro que é melhor para mim defender-me, caso valha a pena, no Tribunal Penal Internacional”, declarou Haroun.

“Estou ansioso como todos os outros afetados pela guerra para saber a verdade: o que aconteceu, suas causas, a responsabilidade de todas as partes, seja governo ou rebeldes”, prosseguiu o ex-ministro sudanês e ex-governador de Darfur.

“É importante esclarecer a responsabilidade de todos os níveis de liderança e diferentes partes envolvidas no conflito em Darfur”, argumentou.

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“Todos os comandantes em campo na ocasião tornaram-se governantes hoje, incluindo militares integrantes do Conselho Soberano, do antigo conselho militar e do comitê de segurança que levou ao golpe [sic] contra nossa legitimidade”, concluiu Haroun.

Em 11 de abril de 2019, líderes do exército sudanês depuseram Bashir sob protestos populares contra a deterioração das condições políticas, econômicas e sociais no país.

Em 19 de outubro, o novo governo anunciou debater três alternativas com o TPI, para julgar os responsáveis pelos crimes em Darfur: instituir uma corte especial sudanesa; estabelecer uma corte mista (Sudão e Haia); ou entregar os suspeitos à justiça internacional.

Em 2003, um conflito armado deflagrou-se na região de Darfur, entre forças da ditadura de Bashir e movimentos rebeldes. Aproximadamente 300 mil pessoas foram mortas e 2.5 milhões foram deslocadas em virtude da guerra, segundo as Nações Unidas.

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