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EUA e países europeus condenam ‘provocação’ do Irã em enriquecer urânio a 60%

Técnicos iranianos trabalham na instalação de conversão de urânio de Isfahan, 420 km ao sul de Teerã, capital do Irã, em 3 de fevereiro de 2007 [Behrouz Mehri/AFP via Getty Images]
Técnicos iranianos trabalham na instalação de conversão de urânio de Isfahan, 420 km ao sul de Teerã, capital do Irã, em 3 de fevereiro de 2007 [Behrouz Mehri/AFP via Getty Images]

Estados Unidos e países europeus signatários do acordo nuclear iraniano reagiram ontem (14) à decisão de Teerã de enriquecer urânio a 60% de pureza, ao descrever a medida como “provocação” e questionar o compromisso da república islâmica com as negociações.

As informações são da agência Reuters.

O Irã anunciou planos para enriquecer urânio a 60% – avanço considerável em direção aos 90% requeridos à produção militar, muito acima dos 20% prévios –, como resposta ao que descreve como sabotagem de Israel à sua principal instalação atômica, na última semana.

O Secretário de Estado dos Estados Unidos Antony Blinken alegou que a medida iraniana incita questões sobre seu compromisso com o diálogo conduzido em Viena, junto de potências internacionais, cujo intuito é restaurar o acordo assinado em 2015.

“Levamos bastante a sério o anúncio provocativo de Teerã sobre seus planos para enriquecer urânio a 60%”, declarou Blinken durante coletiva de imprensa na sede da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), em Bruxelas, capital da Bélgica.

“Tenho de dizer que a medida incita dúvidas sobre a seriedade iraniana perante as negociações do acordo nuclear”, prosseguiu o chefe da diplomacia americana.

O pacto atômico internacional efetivamente desmanchou após o ex-Presidente dos Estados Unidos Donald Trump decidir abandoná-lo em 2018, ao instituir sanções econômicas “sem precedentes” à república islâmica.

Na última semana, o Irã e seus consignatários realizaram o que descreveram como “conversas construtivas” na capital austríaca para ressuscitar o tratado.

Entretanto, no domingo (11), às vésperas da segunda semana de negociações, uma explosão atingiu a proeminente instalação nuclear iraniana de Natanz, em aparente episódio de uma longa guerra encoberta combatida entre Tel Aviv e Teerã.

Suspeitas logo recaíram em Israel, forte apoiador da política linha dura de Trump; porém, o estado sionista não comentou oficialmente o caso.

LEIA: Analistas militares de Israel insistem que o Irã é capaz de causar ‘muitos danos’

Reino Unido, França e Alemanha também afirmaram que a decisão de Teerã de enriquecer urânio a 60% e ativar mil centrífugas avançadas em Natanz contradiz as negociações para resgatar o Plano de Ação Conjunta Global (JCPOA), título oficial do acordo nuclear.

Em aparente referência a Israel, os países europeus declararam seu repúdio a “todas as medidas de escalada por parte de qualquer agente”.

“O anúncio iraniano é particularmente lamentável em um momento no qual os signatários do JCPOA e Estados Unidos retomam conversas substantivas para encontrar uma solução diplomática e revitalizar o tratado”, atestaram os três países em nota oficial.

“A perigosa comunicação recente do Irã é contrária ao espírito construtivo e à boa fé de tais discussões”, enfatizou o comunicado europeu.

As negociações sobre o acordo nuclear devem continuar em Viena nesta quinta-feira (15).

LEIA: Escalada contra o Irã é do interesse de Netanyahu, alerta ex-ministro israelense

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