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Arábia Saudita gastou ao menos US$1.5 bi em ‘sportswashing’

Campeonato de golfe Saudi International, patrocinado pelo Softbank Investimentos, na Cidade Econômica Rei Abdullah, Arábia Saudita, em 6 de fevereiro de 2021 [Ross Kinnaird/Getty Images]
Campeonato de golfe Saudi International, patrocinado pelo Softbank Investimentos, na Cidade Econômica Rei Abdullah, Arábia Saudita, em 6 de fevereiro de 2021 [Ross Kinnaird/Getty Images]

A Arábia Saudita gastou ao menos US$1.5 bilhão no chamado “sportswashing”, revela um novo relatório da organização de direitos humanos Grant Liberty, sediada em Londres, cuja versão completa deve ser divulgada ainda nesta semana.

Detalhes do documento foram compartilhados pelo jornal britânico The Guardian, ao expor as enormes quantias investidas pelo reino sob governo do príncipe herdeiro Mohammed Bin Salman, com o objetivo de revigorar sua reputação global.

De torneios de xadrez a golfe, tênis, corrida de cavalos e luta livre, diversos eventos esportivos internacionais tornaram-se alvo do regime saudita.

O relatório detalha que a monarquia investiu, por exemplo, US$650 milhões em um acordo de dez anos com a Fórmula 1. A temporada deste ano começou neste domingo (28) com o Grand Prix do Bahrein e inclui pela primeira vez um circuito na cidade portuária de Jeddah.

O termo “sportswashing” representa a prática de investir ou sediar eventos esportivos para encobrir violações de direitos humanos, entre outras.

A política foi citada por um relatório prévio da Grand Liberty sobre os prisioneiros de consciência na Arábia Saudita, divulgado no início do ano, que identificou ao menos 309 presos políticos encarcerados desde 2017, quando Bin Salman tornou-se príncipe herdeiro.

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Dentre a campanha de “sportswashing”, o documento menciona a tentativa de compra da equipe britânica de futebol Newcastle United pelo fundo de investimento saudita. Segundo relatos, a proposta não avançou pois as condições da Premier League não foram cumpridas.

Como muitos outros regimes opressivos nos últimos anos, os esforços de relações públicas da Arábia Saudita buscam beneficiar-se de associações com eventos populares, ao aplicar grandes somas para assegurar seu envolvimento em torneios esportivos globais.

Outros exemplos: um acordo de três anos e US$145 milhões com a Associação de Futebol da Espanha; US$15 milhões para cada peça publicitária no torneio masculino de golfe Saudi International; US$33 milhões para sediar um novo campeonato de sinuca; e US$100 milhões para promover o chamado “Combate nas Dunas”, luta de boxe entre Andy Ruiz Jr. e Anthony Joshua pelo título mundial.

“A Arábia Saudita tenta apropriar-se da boa reputação das mais populares estrelas do esporte internacional para encobrir seu histórico de violações de direitos humanos, violência, tortura e assassinato”, reiterou Lucy Rae, porta-voz da Grant Liberty.

Rae acusou o regime saudita de “cometer abusos humanitários em escala industrial” e alertou esportistas e seus agentes a não colaborar com o “cínico” plano de marketing de Bin Salman para “distrair o mundo da brutalidade – como hoje ocorre”.

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