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Princesas espanholas se vacinam nos Emirados e despertam indignação

Da esquerda para a direita: princesa Elena da Espanha; seu filho Juan Froilán; princesa Cristina; e Pilar de Borbón, irmã do então monarca espanhol Juan Carlos I, durante missa para celebrar o centenário do nascimento de Dom Juan de Borbón, na capela do Palácio Real em Madri, Espanha, em 20 de junho de 2013 [Juan Carlos Hidalgo/AFP via Getty Images]
Da esquerda para a direita: princesa Elena da Espanha; seu filho Juan Froilán; princesa Cristina; e Pilar de Borbón, irmã do então monarca espanhol Juan Carlos I, durante missa para celebrar o centenário do nascimento de Dom Juan de Borbón, na capela do Palácio Real em Madri, Espanha, em 20 de junho de 2013 [Juan Carlos Hidalgo/AFP via Getty Images]

As duas irmãs do Rei Felipe VI da Espanha, herdeiro do monarca Juan Carlos I, em auto-exílio por suspeitas de corrupção, emergiram no centro de uma tempestade política nesta quarta-feira (3), após se confirmar que ambas foram vacinadas contra o coronavírus em Abu Dhabi.

As infantas Elena e Cristina receberam a dose ao visitar o pai, em janeiro.

O rei emérito vive em Abu Dhabi desde agosto, após subitamente deixar a Espanha em meio a acusações de corrupção e desvio de recursos do estado.

Em nota submetida a redes de imprensa espanholas, Elena tentou esclarecer: “Tanto eu quanto minha irmã viajamos para visitar nosso pai, com a intenção de obter um passaporte de saúde que nos permitirá vê-lo regularmente. A vacina nos foi oferecida e aceitamos”.

A coroa espanhola também divulgou um comunicado ontem, no qual insistiu que a família real imediata – isto é, o Rei Felipe VI, sua esposa Rainha Letizia e suas filhas – aguardará sua vez para receber o imunizante na Espanha.

Ambas na casa dos 50 anos, nenhuma das princesas seria qualificada para receber a dose contra o covid-19 em seu país natal. Políticos proeminentes condenaram o ato.

“Em uma sociedade na qual cresce a cada dia o debate sobre a utilidade da monarquia, a família real não para de ofertar novos escândalos que produzem enorme indignação em grande parte da sociedade”, comentou o vice-premiê espanhol Pablo Iglesias.

“Muitos cidadãos espanhóis aguardam pacientemente sua vez na fila de vacinação”, reiterou.

LEIA: Tunísia enfrenta apelos de oficiais para investigar vacina gratuita vinda dos Emirados Árabes

Outros ministros do partido de esquerda Podemos, ao qual Iglesias é filiado, denunciaram o comportamento das infantas como “desagradável e hediondo” e “abuso de privilégios”.

Mesmo ministros do Partido Socialista da Espanha, habitualmente menos crítico à monarquia, descreveram a medida como “terrível” e “surpreendente”.

O Ministro de Políticas Territoriais e Serviço Civil da Espanha, Miquel Iceta, secretário-geral do Partido Socialista da Catalunha, declarou assertivamente: “É uma desgraça que alguém use sua posição para furar a fila de vacinação”.

Em rara convergência de opiniões, membros do partido de centro-direita Ciudadanos e do movimento de independência da Catalunha também repudiaram as princesas.

Membros do Partido Popular, de ideologia conservadora, e do movimento de extrema-direita Vox foram mais condescendentes. José Luis Martínez-Almeida, prefeito de Madri, alegou ser uma “decisão pessoal”, que “não tira a vacina de nenhum cidadão espanhol”.

Os Emirados Árabes Unidos vangloriam-se de estar entre os países que mais vacinaram contra o coronavírus, até então, com cerca de 35% da população já inoculada com a primeira dose. A Espanha, por outro lado, apresenta uma estimativa de apenas 5%.

Não é a primeira vez que a infanta Cristina desperta controvérsias. Em 2016, a princesa foi julgada por fraude, embora absolvida posteriormente. Seu marido, Inaki Urdangarin, foi condenado a cinco anos e dez meses de prisão por desviar milhões de euros.

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