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Presidente da Tunísia acusa primeiro-ministro de violar a constituição

17 de fevereiro de 2021, às 09h16

Presidente da Tunísia Kais Saied discursa sobre lei constitucional durante visita ao Catar, em evento sediado pela Universidade Lusail, em 16 de novembro de 2020 [Karim Jaafar/AFP via Getty Images]

Na segunda-feira (15), o Presidente da Tunísia Kais Saied acusou o Primeiro-Ministro Hichem Mechichi de “violar as provisões da constituição”, ao conduzir a última reformulação de seu gabinete de governo.

Em carta, o presidente relembrou Mechichi de uma série de princípios relacionados à necessidade de autoridade política na Tunísia, para refletir a verdadeira vontade do povo.

Destacou Saied: “A essência do juramento de posse [aos novos ministros] não deve aderir a medidas formais ou substantivas, mas sim ao que está determinado no texto juramentado e seus efeitos, não apenas nesta vida, mas também perante Allah, o Mais Justo, o Mais Sábio”

Previamente, na segunda-feira, o premiê tunisiano exonerou cinco ministros, conhecidos pela proximidade com o presidente, e indicou outros oficiais aos postos vagos de modo interino.

Segundo nota do governo tunisiano, Mechichi aguarda a conclusão dos procedimentos de reformulação ministerial, após os ministros serem aprovados pelo parlamento, em 26 de janeiro. Saied, porém, rejeita alguns dos ministros recém nomeados.

O Presidente do Parlamento Rached Ghannouchi expressou esperanças de que a obstrução ao novo gabinete chegue ao fim.

Afirmou: “Estamos trabalhando para instituir a Corte Constitucional, dado que parte deste acordo é a existência de mais de uma interpretação da constituição, à medida que a única instituição qualificada para tanto é a Corte Constitucional”.

A formação da corte, no entanto, foi postergada por mais de cinco anos devido a divergências entre blocos parlamentares, mas deve ser composta por doze membros – nove especialistas em lei e três não-especialistas.

O parlamento deve eleger quatro de seus membros, o Supremo Conselho Judicial (instituição constitucional independente) elege quatro outros e o presidente indica os quatro restantes.

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