Arábia Saudita continuará a tratar Houthis como terroristas, diz o representante saudita da ONU

Embaixador da Arábia Saudita nas Nações Unidas, Abdallah Al-Mouallimi, fala antes de uma votação nas Nações Unidas pedindo uma transição política na Síria, em 15 de maio de 2013, na cidade de Nova Iorque [John Moore/Getty Images]

A Arábia Saudita continuará a tratar os Houthis do Iêmen como uma organização terrorista, apesar da decisão dos EUA de suspender a designação para o grupo, de acordo com o representante permanente do reino junto às Nações Unidas, informou a Reuters.

Não houve outra resposta oficial de Riad ao anúncio feito na sexta-feira pelo Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, de que Washington revogaria, a partir de 16 de fevereiro, a designação do grupo como terrorista.

“Apesar disso, ainda vamos lidar com a milícia Houthi como uma organização terrorista e enfrentar suas ameaças com ação militar”, disse Abdullah Al-Muallami à Asharq News, de propriedade saudita, em comentários retweetados pela missão da ONU do reino no sábado.

O escritório de mídia do governo saudita CIC não respondeu imediatamente a um pedido da Reuters de comentários sobre a decisão.

Entretanto, no domingo, vários comentaristas da mídia controlada pelo estado criticaram a decisão dos EUA, dizendo que ela só iria incentivar os Houthis alinhados com o Irã, que recentemente intensificaram os ataques contra a Arábia Saudita.

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“Existe uma clara contradição entre a afirmação da nova administração de apoiar a segurança do reino e sua abordagem branda com os Houthis”, escreveu Hamoud Abu Talib no jornal Okaz no domingo.

Fahim al-Hamid, outro colunista do Okaz, escreveu no jornal que a decisão foi um “presente” para os Houthis e o Irã e que “envia os sinais errados”.

Os Houthis, combatendo uma coalizão liderada pela Arábia Saudita que interveio no Iêmen em 2015, reivindicaram, na semana passada, vários ataques com drones ao sul da Arábia Saudita. A maioria foi interceptada, mas um deles atingiu um aeroporto civil na quarta-feira.

A Casa Branca condenou o ataque, e Blinken fez um telefonema com seu homólogo saudita para discutir os esforços conjuntos para reforçar as defesas e a diplomacia sauditas para acabar com o conflito do Iêmen, visto na região como uma guerra por procuração entre a Arábia Saudita e o Irã.

O governo de Biden disse que iria suspender o apoio dos EUA à campanha militar apoiada pelos sauditas, mas continuaria a pressionar os Houthis, que controlam o norte do Iêmen depois de expulsar o governo apoiado pelos sauditas com o poder na capital, Sanaa.

Riad acusa o Irã de fornecer armas e treinamento aos Houthis, acusação negada pelo grupo e por Teerã.

Descrevendo o cancelamento da designação como um “terrível erro”, o colunista saudita Mohammed Al Al-Sheikh escreveu no jornal Al Jazirah, que Biden deveria aproveitar a campanha de “máxima pressão” de seu antecessor sobre Teerã, em que Washington reimplantou sanções contra o Irã após desistir do pacto nuclear internacional de 2015. Riad apoiou essa política.

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