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Bolsonaro quer negociar com Netanyahu spray sem comprovação cientifica contra a covid-19

Primeiro Ministro israelense Benjamin Netanyahu e presidente eleito do Brasil Jair Bolsonaro, no Rio de Janeiro, em 28 de dezembro de 2018 [Leo Correa/AFP/Getty Images]
Primeiro Ministro israelense Benjamin Netanyahu e presidente eleito do Brasil Jair Bolsonaro, no Rio de Janeiro, em 28 de dezembro de 2018 [Leo Correa/AFP/Getty Images]

O presidente Jair Bolsonaro conversou hoje (12) com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, para trazer ao Brasil um remédio em desenvolvimento contra a covid-19. O anúncio foi feito durante transmissão ao vivo nas redes sociais, onde o presidente defendeu, nesta quinta-feira, o uso de medicamentos sem comprovação científica para tratar os infectados.

O remédio desenvolvido em Israel referido por Bolsonaro é o EXO-CD24. O medicamento em forma de spray foi desenvolvido para o tratamento de câncer de ovário. Ele foi aplicado em apenas 30 pacientes com covid-19, e de acordo com pesquisadores do centro médico Ichilov, em Tel Aviv, 29 destes pacientes se recuperaram. Ainda não foi realizado um ensaio clínico para comprovar a eficácia do medicamento. Os pesquisadores ainda farão os testes com um grupo de controle, onde metade das pessoas recebe o medicamento e metade recebe o placebo.  Mesmo antes dos testes, o presidente já demonstrou interesse no medicamento.

“Estamos em contato. Já está acertado. Eu falo que já está acertado, mas pode não acontecer. Mas já está acertado o encontro virtual entre eu e Benjamin Netanyahu para falarmos sobre esse novo spray que está servindo, pelo menos experimentalmente, para pessoas em estado grave. Agora sim, se tá em estado grave: toma, poxa. Vai esperar ser entubado?”, disse durante a transmissão da quinta-feira.

O presidente defendeu o uso de medicamentos experimentais e off label (fora da bula) para o tratamento da covid-19, e comparou os resultados preliminares positivos desse remédio israelense com a sua defesa pelo uso da cloroquina, que também não tem eficácia comprovada.

“Lá tá sendo desenvolvido, tá em fase final, um remédio para curar o covid. Quando falei em remédio lá atrás levei pancada. Falaram: e a vacina? Entraram na pilha da vacina. Um cara que entra na pilha da vacina, só a vacina, é um idiota útil, porque devemos ter várias opções. Para quem tá contaminado, não adianta vacina.”, afirmou. Bolsonaro também fez uma comparação equivocada entre a vacina e o medicamento, afirmando que os dois estão “na mesma situação”. Entretanto, os imunizantes passaram pelas três fases de testes clínicos e apresentaram resultados satisfatórios de segurança e eficácia, seguindo o protocolo exigido pela OMS.  Segundo Bolsonaro:

“Quem tem que tá contaminado (sic) tem que ter um tratamento precoce, procurar um médico, ver se tem uma sugestão para você e em comum acordo ele vai dizer: ‘não temos ainda um medicamento pra tratar disso, mas temos esse, que talvez, que em muitos casos tá servindo’. Não tem ainda comprovação cientifica, assim como as vacinas não tem ainda um certificado definitivo, também, ta na mesma situação que esse outro remédio, mas tem dado certo em muitos casos. E o cara toma ou não toma.”

O presidente afirma que a ideia é trazer o medicamento para o Brasil e, então, submete-lo à aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para distribui-lo à população. A Anvisa apenas registra medicamentos que obtiveram resultados satisfatórios depois das três fases de testes clínicos em humanos.

LEIA: No apartheid israelense, vacina como propaganda e solidariedade fake

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