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Pedidos de refúgio e reconhecimentos aumentaram em 2019

Crianças palestinas ao lado de sacos de comida providenciados como auxílio pela agência da ONU para os refugiados palestinos, na Faixa de Gaza, em 24 de janeiro de 2018 [Said Khatib/AFP/Getty Images]

O Comitê Nacional para os Refugiados (Conare) recebeu, em 2019, o maior número de pedidos de refúgios desde 2011, quando teve início a série temporal que serve de base comparativa.

Segundo dados que o comitê e o Observatório das Migrações Internacionais (Obmigra) divulgaram hoje (17), no ano passado foram registradas 82.520 solicitações, contra 80.057 em 2018, e analisados 33.353 pedidos, alguns deles de anos anteriores.

Ao longo de 2019, o Estado brasileiro reconheceu o status de refugiados de 21.515 pessoas que deixaram os países onde viviam por temerem se tornar alvo de perseguições em função de suas origens, crenças, opiniões políticas ou outros motivos.

O total de pedidos deferidos no ano passado é quase o dobro dos 11.231 refugiados que o Estado brasileiro reconheceu até dezembro de 2018. E fez com que, em dezembro de 2019, o total de reconhecimentos chegasse a 31.966 estrangeiros. Considerando o reconhecimento e outras formas de amparo legal assegurados pelo Brasil, o número de imigrantes que ingressaram no país entre 2010 e 2019 e aqui permanecem legalmente, está em torno de 1.085.673 pessoas, em sua maioria haitianos e venezuelanos.

O maior número de pedidos deferidos está relacionado a uma resolução do Conare, que, em junho de 2019, classificou a situação que os venezuelanos enfrentam em seu país como uma “grave e generalizada violação de direitos humanos”. Quatro meses depois, o comitê publicou uma resolução normativa permitindo “procedimentos diferenciados” para avaliação de pedidos de refúgio feitos por venezuelanos ou apátridas que residiam na Venezuela, facilitando o processo de determinação da condição de refugiados.

Com isso, dos 21.515 reconhecimentos gerais, 20.902, ou 97,2% do total, foram de venezuelanos. Em seguida vieram os pouco mais de 320 (1,5%) pedidos de refúgio apresentados por pessoas vindas da Síria.

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Pouco mais da metade (51,6%) das pessoas reconhecidas como refugiadas em 2019 são do sexo masculino e a maioria, entre homens e mulheres, tem entre 25 e 39 anos de idade. Até em função do fluxo migratório venezuelano, os latino-americanos são a maioria dos solicitantes de refúgio no Brasil.

Mercado de trabalho

Em 2019, foram emitidas 38.541 carteiras de trabalho para solicitantes de refúgio e refugiados. Quase 59% dos documentos foram entregues a cidadãos venezuelanos. Haitianos receberam 28% das carteiras de trabalho emitidas ao grupo, enquanto 7,2% foram entregues a cubanos.

Embora seis em cada dez carteiras de trabalho entregues a solicitantes de refúgio e refugiados tenham sido emitidas para homens, observa-se que a diferença por gênero vem diminuindo ao longo dos anos. Em 2013, 92,6% dos documentos – ou seja, nove em dez – eram destinados aos homens. Apesar disso, as mulheres seguem ocupando menos de 30% dos postos de trabalho formais e recebem 70% do rendimento dos trabalhadores do sexo masculino.

O total de imigrantes empregados com carteira de trabalho assinada chegou, em dezembro de 2019, a 147,7 mil pessoas. É quase o triplo das 55,1 pessoas registradas em 2010 – no fim de 2014, elas já eram 116,4 mil.

Região Sul

Os dados apontam que, em 2019, a Região Sul ainda respondia por 51,1% dos refugiados e solicitantes ocupados no mercado formal de trabalho, mas também que já se observa um maior espalhamento destes trabalhadores para outras unidades federativas, especialmente os estados do Amazonas e Roraima.

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Para a diretora do Departamento de Migrações da Secretaria Nacional de Justiça, do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Lígia Neves Azis Lucindo, o mercado de trabalho nacional vem sendo capaz de absorver os imigrantes, incluindo os refugiados e solicitantes de refúgio.

“O total de imigrantes com carteira de trabalho assinada passou de cerca de 55 mil em 2010 para mais de 147 mil em 2019”, disse a diretora, assinalando que, entre 2018 e 2019, o número de imigrantes no mercado formal de trabalho cresceu cerca de 8,3%. O que, segundo Lígia, “tem o condão de propiciar ativos valiosos ao desenvolvimento econômico e social do nosso país”.

“Mesmo durante a pandemia [da covid-19], a movimentação de imigrantes no mercado de trabalho formal apresentou saldos positivos, sinalizando que esse mercado vem absorvendo fortemente o contingente de imigrantes no país”, acrescentou Lígia, destacando a ocupação na indústria, especialmente em frigoríficos e outros segmentos da cadeia produtiva do agronegócio.

O Relatório Imigração e Refúgio no Brasil e outros dados analisados pelo Observatório das Migrações Internacionais (Obmigra) podem ser acessados na página Portal da Imigração, do Ministério da Justiça e Segurança Pública.

Publicado originalmente em Agência Brasil

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